terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

DISFUNÇÃO ERÉTIL - FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO

A Disfunção Erétil (DE) define-se como a dificuldade do homem em obter e/ou manter uma ereção de qualidade que garanta uma relação sexual proporcionadora de prazer a ambos os intervenientes. A Impotência Sexual caracteriza-se por um último estádio da DE, existindo incapacidade de obter ereções. 

Habitualmente o desenvolvimento da DE é progressivo, dependendo da causa do problema.  Pode ser classificada em: severa, moderada ou ligeira. Esta classificação depende da resposta dos pacientes a perguntas como: 


  • Como é a minha confiança em como vou alcançar e manter uma ereção? 
  • Com que frequência tenho ereções rígidas o suficiente para realizar penetração? 
  • Durante a penetração foi possível manter uma ereção de qualidade até ao fim? 
  • Depois da relação sexual sinto que esta foi satisfatória?


O aparecimento de Disfunção Erétil está intimamente relacionado com a existência de vários fatores de risco como: 
  • hipertensão, 
  • prostatite
  • obesidade, 
  • sedentarismo, 
  • consumo de tabaco e álcool, 
  • diabetes, 
  • entre outros. 
O conhecimento dos fatores de risco e a sua prevenção são fundamentais para evitar a DE. Saiba como os seus hábitos e problemas de saúde prejudicam a sua saúde sexual.


Hipertensão arterial
A hipertensão arterial é uma patologia caracterizada pelo aumento da pressão feita pela circulação sanguínea no tecido dos vasos sanguíneos além do padrão normal. Na prática consiste numa diminuição da elasticidade e flexibilidade dos vasos sanguíneos levando ao aumento da força que o sangue realiza no interior das artérias. Pode ter várias causas como a aterosclerose (acumulação de gordura nos vasos sanguíneos – colesterol), obesidade, diabetes, alterações hormonais, hábitos tabágicos e de consumo de bebidas álcoolicas, sedentarismo, hábitos alimentares inadequados, entre outros.

A fisiologia de uma ereção de qualidade implica o aumento significativo do aporte sanguíneo para a região genital. A existência de hipertensão arterial durante longos períodos de tempo danifica os vasos sanguíneos, diminuindo o fluxo sanguíneo. Assim, facilmente se percebe que este é um importante fator de risco para o aparecimento de DE através da diminuição do fluxo sanguíneo para o pénis. Para além da DE, o aumento da tensão arterial poderá conduzir ao aparecimento de patologias graves como o enfarte do miocárdio ou acidentes vasculares cerebrais (AVC). 
Prevenir e tratar a hipertensão arterial é fundamental para evitar diversas patologias, entre elas a DE. Controlar e evitar as causas de hipertensão acima referidas é o primeiro passo a dar. Nalguns casos poderá ser necessária medicação de forma a baixar a tensão arterial. Esta poderá conter agentes hipotensores que diminuirão o fornecimento de sangue nomeadamente à zona genital e, consequentemente, agravarão a DE. Por este motivo é crucial consultar um especialista em saúde sexual que o possa aconselhar no tratamento de ambas as patologias.

A Próstata é um órgão interno pertencente ao sistema reprodutor masculino. Desempenha funções fundamentais à atividade sexual e fertilidade. A prostatite define-se como uma
inflamação neste pequeno órgão, que poderá ter implicações significativas na qualidade da sua vida sexual. Entre outros problemas, a prostatite diminui a circulação local, evitando que o aporte sanguíneo seja suficiente para a obtenção de uma ereção de qualidade. Esta é a principal causa orgânica de disfunção erétil, só podendo ser devidamente diagnosticada e tratada por um urologista experiente. Revela-se imperativa a realização de consultas que permitam a deteção e tratamento precoce desta patologia. 



Diabetes
A Diabetes é uma doença em que existe excesso de glucose (açúcar) no sangue,  molécula que resulta da transformação de hidratos de carbono no nosso organismo e é fundamental como fonte de energia celular. A insulina é uma hormona produzida pelo pâncreas responsável pela passagem da glucose do sangue para o interior das células. A Diabetes ocorre quando a quantidade desta hormona é insuficiente ou quando esta não atua de forma eficaz. 
Os mecanismos que levam ao aparecimento de Diabetes prejudicam, a longo prazo, a função erétil masculina. A hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue) degrada as células que revestem os vasos sanguíneos, prejudicando o fluxo sanguíneo no/para o pénis. Para além disto, o excesso de glucose no sangue degrada as terminações nervosas e provoca alterações hormonais, dois alicerces importantes do funcionamento erétil masculino. Controlar a Diabetes através de um estilo de vida mais saudável, baseado numa alimentação adequada e prática de exercício físico é decisivo na prevenção da Disfunção Erétil. 

Sedentarismo
Caracteriza-se como a falta, ausência ou diminuição das atividades físicas e desportivas. Além de consequências a nível da mobilidade articular e força muscular é uma das principais causas de doenças como a Hipertensão arterial, Diabetes e Obesidade que já relacionamos com o aparecimento de disfunção erétil. 
Para evitar estas consequências do sedentarismo é essencial manter uma vida ativa com a prática de exercício físico regular. 


A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que adultos acumulem, pelo menos, numa semana, 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividades vigorosas. Adicionalmente devem ser praticadas pelo menos duas vezes por semana exercícios de manutenção ou resistência muscular. Para ser ativo não necessita de realizar atividades vigorosas como correr, basta praticar exercícios que aumentem a frequência cardíaca e a frequência respiratória acima das verificadas nas suas atividades diárias. Caminhadas a passo rápido é um exemplo de exercício de intensidade moderada. 

Obesidade
A relação entre o excesso de peso e a prevalência de disfunção erétil tem sido estudada desde há alguns anos. Os estudos apontam para que o índice de obesidade central – gordura acumulada na zona abdominal – seja um indicador de disfunção erétil. A explicação para esta relação apresenta vários tópicos a ter em conta. O aumento de gordura no sangue dificulta a circulação sanguínea e, por isso, dificulta o fluxo de sangue enviado até ao pénis durante a ereção. 

A Obesidade é, habitualmente, acompanhada por outras patologias como a Hipertensão, a Diabetes e o hábito do sedentarismo. Sendo que estas situações, como já abordamos, podem ser causadoras de DE, esta é mais uma explicação para a relação com a Obesidade. Por último, a Obesidade afeta frequentemente os seus portadores no que à sua auto-estima e confiança dizem respeito, potenciando também as causas psicológicas de DE.



Tabagismo
Como é do conhecimento geral, os hábitos tabágicos são uma das principais causas de problemas respiratórios, nomeadamente do cancro do pulmão. Para além destes, o tabagismo, devido à presença de diversas substâncias nocivas no fumo do tabaco, tem efeitos negativos por todo o nosso
organismo. Nos vasos sanguíneos estas substâncias aumentam as reações oxidativas (lesivas) e provocam também uma redução na quantidade de óxido nítrico disponível. O óxido nítrico é um mediador químico vasodilator (que promove o aumento do calibre dos vasos sanguíneos), pelo que a sua redução dificulta o fluxo de sangue satisfatório à ocorrência de ereções.
Os estudos concluem também que a cessação tabágica tem um efeito benéfico na função erétil. Este é mais um forte motivo para deixar de fumar. 


Álcool
Tal como o tabaco, o consumo de bebidas alcoólicas tem diversas consequências negativas no nosso organismo. Neste, esta substância é identificada como nociva, lesionando-o em vários tecidos e sendo neutralizada o mais rápido possível pelo corpo humano. Um dos seus efeitos, quer a curto, quer a médio prazo, é o aumento da tensão arterial, facilitando a aterosclerose. Como abordado neste artigo, este é um dos fatores de risco para o aparecimento de Disfunção Erétil pela diminuição da circulação sanguínea para os genitais. Outra ação conhecida do álcool é o seu efeito sobre o sistema nervoso. No imediato sentimos esses efeitos pela diminuição da velocidade dos reflexos, visão turva, desinibição social, entre outros. Ao longo do tempo verificam-se lesões permanentes, tornando recetores nervosos periféricos, como os do prazer espalhados pelo corpo, menos recetivos a estímulos. Desta forma torna-se mais difícil para o homem obter e manter uma ereção pela diminuição do prazer sentido na relação sexual.
Tal como como noutros hábitos acima referidos, a redução ou eliminação completa do consumo de bebidas alcoólicas pode ter efeitos benéficos na saúde e, consequentemente, na saúde sexual. Embora as lesões no sistema nervoso possam ser permanentes, verifica-se um decréscimo da tensão arterial com a interrupção do consumo.

Conclusão
Os nossos hábitos de vida têm uma ligação muito forte com o nosso estado de saúde. O mesmo acontece na saúde sexual. Em alguns casos, controlar e evitar os fatores de risco aqui referidos pode ser o suficiente para melhorar a qualidade da ereção e contornar a Disfunção Erétil. Noutros, pedir ajuda médica especializada, nomeadamente com um Urologista especialista em saúde sexual poderá ser fundamental para identificar e resolver o problema. Em todos, a adoção de um estilo de vida saudável, com alicerces numa alimentação adequada e prática de exercício físico regular é crucial para manter a saúde sexual e evitar patologias que condicionam muito a qualidade de vida em geral e sexual, em particular.


Jean Gonçalves
Fisioterapeuta
jean.goncalves@clinicadopoder.pt


Para mais informações e agendamento de consultas siga o link Clínica do Poder.



VIVA COM SAÚDE, PODER E QUALIDADE DE VIDA!


GOSTE E PARTILHE MAIS E MELHOR SAÚDE!


Referências:
  1. Rosen C, Cappelleri C, Smith D, et al. Development and evaluation of an abridged, 5-item version of the International Index of Erectile Function (IIEF-5) as a diagnostic tool for erectile dysfunction. Int J Impot Res. 1999 Dec;11(6):319-26.
  2. Hallanzy J, Kron M, Goethe VE, MD, et al. Erectile Dysfunction in 45-Year-Old Heterosexual German Men and Associated Lifestyle Risk Factors and Comorbidities: Results From the German Male Sex Study. Sex Med. 2018
  3. Heidelbaugh J. Management of erectile dysfunction, Am Fam Physician 2010; 81:305-312.
  4. World Health Organization. Global recommendations on physical activity for health. WHO. 2010
  5. Carvalho HN, Costa IM, Botelho F, et al. The influence of different metabolic syndrome definitions in predicting vasculogenic erectile dysfunction: is there a role for the index of central obesity?. Aging Male. 2013 Sep;16(3):137-42
  6. Verze P, Margreiter M, Esposito K, et al. The Link Between Cigarette Smoking and Erectile Dysfunction: A Systematic Review. Eur Urol Focus. 2015 Aug;1(1):39-46


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

14 DE FEVEREIRO DIA EUROPEU DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS

Segundo a OMS, a saúde sexual é "um estado de completo bem-estar físico, emocional e mental associado à sexualidade e não só à ausência de doença". 

A existência de dificuldades ou disfunções sexuais impedem o vivenciar de uma vida sexual gratificante e satisfatória. Estes problemas são mais frequentes do que imagina. 

Aproximadamente 25% dos homens portugueses, de todas as idades, sofre de algum tipo de disfunção sexual. Quando acima dos 42 anos, mais de 50% dos homens padece de disfunção erétil e cerca 30% de ejaculação prematura (ejaculação precoce). 

No que refere às mulheres, em Portugal, 56% sofre ou já sofreu de algum tipo de disfunção sexual.

Para uma saúde sexual plena é fundamental que tanto homens quanto mulheres partilhem com os seus parceiros os problemas que estão a sentir e procurem ajuda médica especializada de forma célere, evitando assim complicações nos campos da saúde geral, relacional e até social. 



Disfunções sexuais femininas mais frequentes

Disfunção do desejo (défice ou ausência de líbido)

Define-se pela diminuição ou ausência de fantasias e de desejo em ter relações sexuais. Pode ser hipoativo ou aversão sexual total. Na sua génese existem três tipos de fatores: sociais (tabaco, álcool, stresse ou depressão); farmacológicos (consumo de determinados medicamentos) ou biológicos (alterações hormonais, diabetes e disfunções do pavimento pélvico).

Disfunção da excitação

Caracteriza-se pela incapacidade persistente ou recorrente de adquirir ou manter a lubrificação vaginal durante o ato sexual. Também esta está relacionada com 3 fatores: biológicos (desde desajustes hormonais, problemas neurológicos e/ou vasculares a infeções urogenitais); farmacológicos (consumo de psicotrópicos, anti-hipertensores, antiandrogénios e/ou a quimioterapia) ou psicossociais (perda da líbido, inibição sexual, ansiedade e medo, perda de intimidade).


Disfunção do orgasmo (anorgasmia)

Define-se como a incapacidade de atingir o orgasmo de forma recorrente após estímulo sexual suficiente e lubrificação adequada. Na sua origem podem estar três tipos de fatores: biológicos (designadamente problemas neurológicos, genéticos e hormonais), farmacológicos (consumo de antidepressivos) e psíquicos (falta de confiança mútua e medo da separação).


Disfunção sexual por dor

Pode dever-se ao vaginismo (contração involuntária dos músculos da vagina, impedindo a penetração), à dispareunia (dor genital ou pélvica recorrente ou persistente na penetração) e outras perturbações dolorosas. Pode ter origem em fatores: psicológicos (agressividade, violência e/ou submissão) ou biológicos (infeções ou inflamações vaginais, alterações do perfil hormonal).



Disfunções sexuais masculinas mais frequentes

Perturbação de desejo sexual hipoativo (défice ou ausência de líbido)

Pode definir-se como a ausência ou deficiência persistente ou recorrente de fantasias e desejo de atividade sexual. Pode ter causas psicológicas (distanciamento emocional do casal, existência de outras patologias sexuais, doenças psiquiátricas, entre outras), causas orgânicas (doença prostática ou outras, tumores pituitários, deficiência de testosterona, consumo de antidepressivos ou antihipertensores e outros).



A idade é um fator de risco para o aparecimento de disfunção erétil. Nos jovens esta patologia apresenta frequentemente causas psicológicas e nos mais velhos, causas do foro orgânico.
A disfunção erétil ou impotência sexual é a incapacidade persistente ou recorrente para atingir ou manter uma ereção adequada até completar a atividade sexual.

Pode ocorrer por várias causas, nomeadamente orgânicas, psicológicas ou mistas. Dentre estas podem existir: presença de prostatite, doenças vasculares, problemas neurológicos, alterações hormonais, depressão, o uso de determinados medicamentos, falta de informação/liberdade, etc..



Disfunções ejaculatórias 

Ejaculação precoce: dificuldade em controlar a ejaculação podendo esta ocorrer mesmo antes da penetração. Pode ter causas psicológicas, orgânicas ou mistas, sendo que no adulto, geralmente ocorre por presença de prostatite não diagnosticada e/ou não tratada.

Anejaculação: Ausência completa de ejaculado embora exista fase de expulsão e orgasmo.

Ejaculação retrógrada: Devido ao não encerramento do esfíncter uretral interno, o esperma passa da uretra posterior para o interior da bexiga, diminuindo o volume de ejaculado para o exterior ou levando à sua ausência. Está relacionada com lesões medulares ou urológicas obstrutivas, como a Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e a prostatite.

Ejaculação retardada: Ejaculação involuntariamente muito tardia por alteração dos mecanismos de ejaculação.



Tratamento

As disfunções sexuais, na sua grande maioria, têm cura. Conhecendo as causas das mesmas é possível revertê-las.

Cerca de 75% destas devem-se a fatores orgânicos, ao contrário do que  se pensava até há uns anos atrás, desde desarranjos hormonais à presença de patologia específica.

Dado que a relação sexual é uma das funções básicas na vida do ser humano, a capacidade do homem para obter e manter uma ereção, por exemplo, pode ser vital para o seu “amor próprio”. Assim como, a mulher em ser capaz de realizar o ato sexual e obter prazer nele, são importantes para a sua autoestima.

Se sofre de algum tipo de disfunção sexual procure ajuda médica!!



Jean Gonçalves
Fisioterapeuta
jean.goncalves@clinicadopoder.pt


Para mais informações e agendamento de consultas siga o link Clínica do Poder.



VIVA COM SAÚDE, PODER E QUALIDADE DE VIDA!


GOSTE E PARTILHE MAIS E MELHOR SAÚDE!


Referências:


  • Serrant-green, L.; Mcluskey, J. (2008) The Sexual Health of Men; Radcliffe Publishing; Oxford
  • Fonseca, L.; Soares, C. & Vaz, J. (2001), As disfunções sexuais femininas, Sexologia, Perspectiva Multidisciplinar; Vol I.; Ed. Quarteto
  • Vendeira, P.; Pereira, N.; Tomada, N.; Carvalho, L. (2011); Estudo EPISEX-PT/Masculino: prevalência das disfunções sexuais masculinas em Portugal, Número 4; Cadernos de Sexologia
  • Wilson, S.; Silva, J. P. (2000) a impotência é reversível, 8ª edição


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

OS EFEITOS DO EXCESSO DE PESO NA PRÓSTATA - Parte 2

OBESIDADE E HIPERPLASIA BENIGNA PROSTÁTICA (HBP)

HBP é a condição patológica não-maligna mais comum e a sua prevalência aumenta com a idade. 

De acordo com um estudo epidemiológico recente, a HBP afeta cerca de 70% dos homens com idade entre 60 e 69 anos e 80% com idade igual ou superior a 70 anos em todo o mundo.

O seu diagnóstico histológico está associado à proliferação desregulada de tecido conjuntivo, músculo liso e epitélio glandular dentro da área prostática. A proliferação celular leva a um aumento do volume prostático e ao aumento do tónus do músculo liso estromal. 


A presença de HBP está caracterizada por níveis de IMC elevados, elevada circunferência abdominal, presença de antigénios específicos prostáticos no soro sanguíneo e transtornos urinários. 

A Obesidade Abdominal apresenta efeitos diversos a nível sistémico, aumenta a pressão abdominal que, consequentemente, aumenta a pressão intravesical, exacerbando os sintomas nocivos da próstata.


Outro mecanismo que sofre alterações é o sistema endócrino. O tecido adiposo eleva a expressão de uma enzima, P450 aromatase, que aumenta o rácio estrogénios/androgénios (estradiol/testosterona). Como um ciclo, este processo potencia a deposição de gordura visceral, sendo suprimida a produção de testosterona e os seus percursores – Ciclo Obesidade Hipogonadal. 


OBESIDADE E CANCRO PROSTÁTICO

O processo inflamatório e o stresse oxidativo, intimamente ligados à prostatite e HBP, promovem a inflamação e doença microvascular, que pode potenciar a isquémia e mais stresse oxidativo no ambiente intraprostático. O ambiente de stresse oxidativo desregula frequentemente o programa de morte celular (pelas células Natural Killer) e leva a mutações hiperplásicas e pré-cancerígenas na próstata.

O cancro prostático é o segundo cancro mais frequentemente diagnosticado e a sexta causa mais comum de morte, no homem, em todo o mundo. Além disso é o terceiro cancro mais frequente nos homens (depois do cancro de pulmão e colo-rectal).

Os mecanismos para explicar a associação entre a obesidade e o cancro de próstata [que é dependente da insulina/fator de crescimento semelhante à insulina (Insulin grown factor)  IGF-1] são a alteração das hormonas sexuais e a ativação de adipocinas causadas pela inflamação. 

A insulina por si só não induz a mutações somáticas, no entanto, pelo efeito anabólico, antiapoptótico, e em concentrações exacerbadas (hiperinsulinémicas) promove a divisão celular - mitose. O que significa a promoção de divisão celular de células doentes, correspondendo ao aumento da massa cancerosa ou mutada.

O aumento dos níveis de insulina inibe a síntese de SHBG (Sex Hormone-Binding Globulin). Esta, é uma proteína transportadora que liga especificamente a testosterona circulante e a diidrotestosterona e reduz a sua disponibilidade aos tecidos, correlaciona-se inversamente com o IMC. Em homens obesos, a testosterona total, SHBG, a amplitude de atuação da hormona luteínizante, a hormona luteínizante diurna e testosterona disponível são reduzidas. 

Os estudos mais recentes observam que indivíduos do sexo masculino obesos têm também níveis aumentados de insulina e leptina, caraterísticas da adiposidade o que leva ao maior risco de um cancro prostático pouco diferenciado. 

CONCLUSÃO

Obesidade Abdominal é um dos fatores de risco mais relacionados a doenças prostáticas. O tecido adiposo, principalmente o visceral, é um importante fator de risco para o desenvolvimento de HBP e Cancro Prostático. 

As causas das patologias prostáticas são de caráter multifatorial, sendo inumerados alguns fatores, como: o aumento do rácio estradiol/testosterona; aumento de atividade nervosa simpática e a promoção do processo inflamatório, que contribui para isquémia, stresse oxidativo e ambiente celular prostático favorável para HBP e cancro.


Com um maior conhecimento da patogenia da doença prostática, dos marcadores indicadores de lesão, e de toda a abordagem preventiva e terapêutica, torna-se possível permanecer com qualidade de vida reduzindo estas condições patológicas no homem.




Dra. Inês Silva Pereira,
Nutricionista
ines.pereira@clinicadopoder.pt


Para mais informações e agendamento de consultas siga o link



VIVA COM SAÚDE, PODER E QUALIDADE DE VIDA!

GOSTE E PARTILHE MAIS E MELHOR SAÚDE!



Referências técnicas e científicas:



Mistry, T.; Digby, J.E.; Desai, K.M.; Randeva, H.S. (2007). Obesity and prostate cancer: a role for adipokines, European Urology, 52, p. 46–53. 
Parikesit, D.; Mochtar, C. A.; Umbas, R. & Hamid, A. R. (2015). The impact of obesity towards prostate diseases. Prostate international, 4(1), 1-6.
Vicari, E., La Vignera, S., Castiglione, R., Condorelli, R. A., Vicari, L. O., & Calogero, A. E. (2014). Chronic bacterial prostatitis and irritable bowel syndrome: effectiveness of treatment with rifaximin followed by the probiotic VSL#3. Asian journal of andrology, 16(5), 735-9. 
WHO consultation. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization WHO technical report series. 2000; 894:i–xii. 1–253

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

OS EFEITOS DO EXCESSO DE PESO NA PRÓSTATA - Parte 1


OBESIDADE E DOENÇA PROSTÁTICA


Já é conhecida a associação da obesidade com o risco de doença cardíaca, diabetes, doença renal e outras. Além destas patologias tem-se verificado a conexão da obesidade com: a prostatite, a hiperplasia benigna prostática e o cancro da próstata.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu excesso de peso como a presença de um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25 kg/m2 e obesidade como IMC superior a 30 kg/m2. Apesar do cálculo do IMC apresentar algumas limitações, tais como a incapacidade de diferenciar a massa gorda e muscular, a avaliação IMC pode ser muito útil para identificar a necessidade de ajustes no estilo de vida de forma a prevenir a doença e/ou melhorar a saúde dos indivíduos, especialmente numa faixa etária mais envelhecida.



A obesidade central ou abdominal, avaliada através da medição da circunferência abdominal (C.A.), é conhecida como mais perigosa do que obesidade geral no corpo devido a potenciar alterações na produção hormonal e às consequências inflamatórias destas. A obesidade abdominal é diagnosticada se a circunferência abdominal for superior a 90 cm nos homens e a 80 cm nas mulheres.

O tecido adiposo é dividido em 2 categorias:
·         Visceral (abdominal/central)
·         Subcutâneo (periférico).


O Tecido Adiposo Visceral é composto principalmente por gordura omental, mesentérica e gordura retroperitoneal que delineia a fronteira dorsal dos intestinos e da superfície ventral dos rins. Este é metabolicamente ativo, tendo maior capacidade de degradar gordura do que o Tecido Adiposo Subcutâneo e, também, de produzir elementos e marcadores pro-inflamatórios – Adipocinas

As Adipocinas promovem a presença de elevados níveis de Leptina (hormona de ação predominante protumoral) e reduzidos níveis de Adiponectina (hormona de ação antitumoral e de ajuda à diminuição da obesidade abdominal). Além disso, estas adipocinas provocam alteração das lipoproteínas plasmáticas (avaliadas frequentemente em ambiente clínico para diagnóstico).

O processo inflamatório crónico envolve elementos humorais e celulares que ativam diversas células imunitárias. O desequilíbrio nesta ativação pode terminar numa séria desregulação do sistema imunitário e ativação de fatores de crescimento anómalos que promovem o aparecimento de massa estranhas no corpo, tais como quistos, tumores, ou apenas aumento do volume de algum órgão.



Visto que a obesidade está muito associada a um estilo de vida sedentário, é relevante ter em conta que a atividade física reduz muito o risco de desenvolver doenças prostáticas.

É essencial a aplicação de estratégias de tratamento que incluam a perda de peso e a alteração do estilo de vida.


OBESIDADE E PROSTATITE

A prostatite incide aproximadamente em 10-14% dos homens de todas as idades e origem racial e cerca de 50% dos homens a dada altura da vida sofrem com esta condição.

Vários estudos percebem a associação de um menor IMC como efeito protetor contra a prostatite principalmente com o aumento da faixa etária.

A prostatite crónica bacteriana (PCB) apresenta como principais sintomas a dor urogenital, sintomas do trato urinário inferior (tais como micção com alta pressão, disfunção do esfíncter e problemas na micção, epididimite), problemas psicológicos e disfunção sexual. A PCB pode, inclusive, levar à infertilidade por danificar os ductos ejaculatórios e/ou causar vesiculite e epididimite, que podem ser consideradas como formas intermediárias ou completamente estendidas de infeções por glândulas acessórias masculinas.


A prostatite também tem sido reportada com grande frequência em associação a condições não-urológicas, tais como distúrbios gastrointestinais (GI) (especialmente a presença de síndrome de intestino irritado), comprometimento do sistema imunitário devido a outras patologias crónicas e certas condições psiquiátricas/psicológicas (como ansiedade e alterações de humor). Distúrbios GI possuem uma fisiopatologia bastante complexa e multifatorial, que incluem o fator básico de patologia intestinal, a disbiose, seguindo-se da capacidade da flora comensal intestinal após a terapia antibiótica para o tratamento da PCB, que resulta muitas vezes em inflamação da mucosa. Inicia-se um ciclo vicioso em que a inflamação da mucosa e o desequilíbrio imunitário pode promover a retenção de líquidos e acumulação exacerbada de gorduras – favorecendo o excesso de peso e a obesidade – e vice-versa.

Esta condição patológica tem um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes e um diagnóstico precoce é essencial para a aplicação rápida de uma terapêutica e cura.


Dra. Inês Silva Pereira,
Nutricionista
ines.pereira@clinicadopoder.pt


Para mais informações e agendamento de consultas siga o link



VIVA COM SAÚDE, PODER E QUALIDADE DE VIDA!

GOSTE E PARTILHE MAIS E MELHOR SAÚDE!



Referências técnicas e científicas:



  • Mistry, T.; Digby, J.E.; Desai, K.M.; Randeva, H.S. (2007). Obesity and prostate cancer: a role for adipokines, European Urology, 52, p. 46–53. 
  • Parikesit, D.; Mochtar, C. A.; Umbas, R. & Hamid, A. R. (2015). The impact of obesity towards prostate diseases. Prostate international, 4(1), 1-6.
  • Vicari, E., La Vignera, S., Castiglione, R., Condorelli, R. A., Vicari, L. O., & Calogero, A. E. (2014). Chronic bacterial prostatitis and irritable bowel syndrome: effectiveness of treatment with rifaximin followed by the probiotic VSL#3. Asian journal of andrology, 16(5), 735-9. 
  • WHO consultation. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization WHO technical report series. 2000; 894:i–xii. 1–253