terça-feira, 26 de março de 2019

PROSTATITE: "AS MULHERES É QUE MARCAM A CONSULTA"

É a doença da próstata mais frequente no homem. Estima-se que pelo menos 50% dos homens, ao longo da vida, desenvolvem alguma sintomatologia da Prostatite. Mas o diagnóstico, através do toque retal afasta muitos dos consultórios.

O problema é o diagnóstico. O toque retal ainda é, atualmente, um exame importante e eficaz, uma vez que permite avaliar o tamanho da próstata e as suas alterações fisiológicas. 

Mas afinal o que é Prostatite?

A prostatite deve-se ao estado inflamatório e/ou infecioso da próstata. Esta situação, que é vulgar, pode ser de três tipos: prostatite não-bacteriana, prostatite bacteriana aguda (grave) e prostatite crónica (de longa duração).

A prostatite constitui a infeção urinária mais frequente no homem entre os 20 e os 40 anos. Raramente afeta os jovens antes da puberdade e é frequente em adultos.




A próstata é uma glândula que faz parte do aparelho génito-urinário e tem como função produzir e emitir substâncias, nutrientes e fluidificadoras que asseguram a vitalidade e mobilidade dos espermatozoides.

O que pode causar a Prostatite?

Os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento de prostatite e outras doenças dos órgãos sexuais masculinos são a congestão venosa e a atonia muscular nos órgãos da pélvis menor, que podem ser causados por interrupção ou prolongamento do ato sexual, excessos sexuais, prisão de ventre crónica que se deve a proctite, sinusite e sigmoidite, sedentarismo e hipotermia

Entre os fatores potenciadores podem ser considerados: traumatismos causados por exames instrumentais, manipulações grosseiras, estado sético geral, inflamações no fígado e nas vias biliares, angina, otite, cárie dentária, proctite, endocardite crónica, pneumonia crónica e intoxicações (como o tabagismo, álcool, etc.). 

Estudos sugerem a má alimentação como: a ingestão excessiva de gorduras animais, lacticínios e ingestão de bebidas alcoólicas, como um dos potenciadores para o aparecimento do processo inflamatório.



Quais são os sintomas?

A sintomatologia da Prostatite caracteriza-se por grande variabilidade e polimorfismo. As mais comuns são:
  • Sintomatologia geral: calafrios, febre, fraqueza geral, tendência depressiva, perturbações do sono, ansiedade e nervosismo.
  • Sintomatologia local: dor ou peso constante na "bexiga", dor no ânus, dor ou incómodo na zona entre o ânus e os testículos, infeções urinárias, dor nos testículos e/ou nas virilhas, acordar para urinar com frequência variável, dor e/ou ardor ao urinar, aparecimento de sangue vivo na uretra e/ou sangue no esperma e/ou na urina.
  • Sintomatologia funcional: Orgasmo doloroso ou impossível, ejaculação precoce, ejaculação retardada ou impossível, disfunção erétil/impotência, dificuldade a urinar.

Como se realiza o diagnóstico?

O diagnóstico de prostatite é feito pela compressão digital da próstata durante o toque retal. Se a compressão da próstata causar dor, fica diagnosticada a Prostatite. Se não causar dor, fica eliminada a hipótese de prostatite.

Este método é o mais efetivo disponível e não depende do resultado de exames auxiliares de diagnóstico como ecografia e análises; se estes exames complementares forem requisitados, devem ser feitos, mas deles não depende o diagnóstico de prostatite.

Os homens ainda evitam ir ao médico por vergonha?

Alguns sim, muitos afirmam terem sido as mulheres a marcarem a consulta. Às vezes por medo ou por vergonha de falar sobre o assunto, não procuram ajuda atempadamente e acabam por sofrer com esta doença por muitos anos, tornando o processo de tratamento mais moroso.

Qual o tratamento para a Prostatite?

O tratamento da Prostatite consiste numa solução integrada utilizando a Terapia Laser de Baixa Intensidade, terapia farmacológica com antibióticos e massagem prostática.

A eficácia comprovada nos tratamentos deve-se aos efeitos clínicos da radiação laser de baixa intensidade, tais como: a ação anti-inflamatória, bioestimuladora, regeneradora, analgésica, reforço do sistema imunitário e aumento significativo da microcirculação sanguínea.

O plano de tratamento recomendado exige sempre uma avaliação clínica prévia para a observação da sua indicação.
 Qual é o prognóstico depois do tratamento?

A nossa prática clínica comprova que, na maioria dos casos, na ausência de fatores associados, a situação fica resolvida com uma série de 15 sessões.

O sucesso do tratamento da Prostatite depende de muitos fatores, como:
  • O estilo de vida (redução do nível de stresse, hábitos de exercício físico, etc.), 
  • Alimentação adequada, 
  • Fatores patológicos associados como: diabetes, doença cardiovascular, obesidade, etc. (devem ser controlados),
  • O compromisso que o paciente assume em seguir a terapêutica recomendada vai influenciar em muito o resultado esperado.

Como se identifica a cura?

Pelo desaparecimento dos sintomas que o trouxeram à consulta e normalização do seu bem-estar e desempenho e pelo desaparecimento total da dor na próstata quando firmemente comprimida durante o toque retal.





Henrique Pedroso
Fisioterapeuta
henrique.pedroso@clinicadopoder.pt


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sexta-feira, 22 de março de 2019

DIA MUNDIAL DA ÁGUA





Tonturas e desmaios
Desorientação
Falta de poder sexual
Edema, obstipação e retenção de líquidos
Fraqueza e/ou fadiga
Espasmos e cãibras musculares
Mau humor
Pressão arterial alta
Fome descontrolada





Sabia que um dos motivos para sentir estes incómodos pode ser a falta de hidratação e/ou falta do consumo de água de qualidade para organismo?


O corpo é formado por cerca de 70% água. Cerca de 75% do peso do tecido muscular é composto por água. O sangue por sua vez contém 95% de água, a gordura corporal 14% e o tecido ósseo 22%.

Cada célula do nosso organismo deve ser hidratada de forma correta para gozarmos de uma saúde ótima.  Somos realmente o que comemos e bebemos.


QUE QUANTIDADE DE ÁGUA DEVEMOS BEBER POR DIA? 

O conselho mais comum é beber 8 copos de água por dia (um pouco mais do que 1,5L/dia). Essa é uma recomendação geral e útil, no entanto, não é especifica para cada pessoa.  

A necessidade de hidratação de cada pessoa pode variar principalmente tendo em conta:
…o consumo diário de legumes, verduras, frutas,
…a atividade física, 
…o estado de saúde, 
…a temperatura a que está exposto durante o dia/noite. 

É muito importante estar sensível a sensações como as citadas acima. Bem como, prestar atenção às características da urina, que deverá ser SEM COR, SEM ODOR, e sem espuma (ou muito pouca).

COMO A ÁGUA AFETA AS SUAS HORMONAS?

Tanto a água tratada pelas estações públicas de tratamento, quer a água engarrafada, repleta de xenoestrogénios, apresentam propriedades que não são realmente benéficas para o organismo, podendo, mesmo, afetá-lo no geral e, especificamente, alterar a regulação hormonal natural.

Pela praticabilidade e a segurança imediata, muitas vezes preferimos o consumo de água engarrafada. No entanto, todo o processo de engarrafamento, transporte e armazenamento desta água pode ter efeitos menos benéficos a médio e longo prazo. O bisfenol A é apenas um dos produtos químicos presentes na maior parte das águas engarrafadas, e noutros recipientes de plástico, que atua como “interruptor” endócrino. Imita a hormonas estrogénicas e interfere em todos os níveis hormonais e mensagens de replicação genética. Estão associados a problemas de infertilidade (principalmente masculina) cancros de mama, ovário e próstata assim como patologias potencialmente hormonais como a endometriose. 

Além desde produto tóxico, outros produtos presentes no abastecimento das águas, como a atrazina, chumbo, flúor, cloro, arsénico parecem causar sérias consequências no desenvolvimento, problemas neurológicos e imunológicos

A diabetes e a intoxicação hepática também podem estar diretamente associados à presença dos xenoestrogénios, herbicidas e metais pesados no corpo.


ENTÃO QUE ÁGUA BEBER?


A maioria da água facilmente acessível é ácida e carregada de elementos que, como já vimos, podem ser prejudiciais ao nosso organismo. 

Sendo que a hidratação do organismo depende não só da quantidade, mas também da qualidade da água ingerida, sugere-se a montagem de filtros na torneira da cozinha (principalmente), dando preferência a filtros que, além da filtração dos tóxicos presentes, tornem a água alcalina ionizada.

Veja mais sobre a água alcalina ionizada aqui.



Dra. Inês Silva Pereira,
Nutricionista
ines.pereira@clinicadopoder.pt


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Referências: 

  1. https://geiselmed.dartmouth.edu/news/2002_h2/pdf/8x8.pdf
  2. Wagner M1, Oehlmann J. (2009) Endocrine disruptors in bottled mineral water: total estrogenic burden and migration from plastic bottles. Environ Sci Pollut Res Int. May;16(3):278-86 
  3. http://www.bawellwaterionizers.com/benefits.html
  4. https://draxe.com/tap-water-toxicity/ 
  5. Lee MY1, Kim YK, Ryoo KK, Lee YB, Park EJ.(2006) Electrolyzed-reduced water protects against oxidative damage to DNA, RNA, and protein. Appl Biochem Biotechnol. Nov;135(2):133-44

quarta-feira, 20 de março de 2019

20 de MARÇO – DIA INTERNACIONAL DA FELICIDADE


O que é a felicidade e como a alcançar é um tema bastante ambíguo. Apesar de ser um assunto complexo, é a emoção mais procurada ao longo da vida de qualquer pessoa. 

Estudos revelam que Portugal é um dos países mais infelizes da Europa. Numa escala de 0 a 10, Portugal apresenta uma avaliação média de felicidade de 5,1. Sendo o terceiro país europeu com maior uso de antidepressivos (1,2).

Cada vez mais, a ciência tem mostrado que a condição de cada corpo é influenciada pelo seu meio ambiente, alimentação e estilo de vida. As emoções estão incluídas nas condições a avaliar, e podem realmente ser potenciadas ou inibidas consoante o ambiente químico e físico que rodeiam o organismo. 

Fisiologicamente falando, alguns neurotransmissores e hormonas especiais são identificados como “as fontes da felicidade”Dopamina, Serotonina, Oxitocina e Endorfina. 

  • Como atuam no nosso corpo? 
  • Como podem beneficiar-nos? 
  • Como promover a sua produção? 

  


DOPAMINA

A dopamina é uma substância química que desempenha um papel importante em motivar o corpo para a ação ou movimento, bem como em dar respostas emocionais de entusiasmo, iniciativa, concentração e memória.

É uma catecolamina que desempenha funções como neurotransmissor e como hormona. Produzida no cérebro, intestino e parcialmente nas glândulas adrenais em momentos de stresse. A presença de tirosina, um aminoácido, e uma boa saúde da flora intestinal são essenciais para a produção desta hormona. 

Uma superabundância de bactérias nocivas conduz a uma acumulação de subprodutos tóxicos chamados lipopolisacarídeos que reduzem os níveis de dopamina. Além disso, a alimentação rica em açúcar, gorduras saturadas e com elementos estimulantes cerebrais podem também suprimir a produção de dopamina a nível intestinal. 

O uso de drogas, como cocaína e anfetaminas, altera a sinalização das células dopaminérgicas no cérebro e por isso prejudica função deste neurotransmissor. 

A deficiência de dopamina ou alterações nos recetores cerebrais pode estar relacionada com algumas condições patológicas, incluindo depressão e doença de Parkinson (3,4)

COMO AUMENTAR A PRODUÇÃO DE DOPAMINA:
  • Regule as suas hormonas 
  • Ajude as suas glândulas adrenais evitando elevados níveis de stresse 
  • Consuma alimentos ricos em Tirosina tais como: Abacate, Beterrabas, Favas, Chá verde, Cacau, Sementes de Abóbora, Carne de pasto biológica
  • Otimize a sua flora intestinal 
  • Faça exercício físico regularmente

SEROTONINA

A serotonina é outra substância química que possui uma ampla variedade de funções no corpo humano. Assim como a dopamina, acredita-se que a serotonina não é apenas um neurotransmissor, mas também uma hormona, sendo produzida a nível cerebral e intestinal. Este processo é conseguido principalmente pela conversão do aminoácido triptofano, presente nos alimentos, em 5-Hidroxitriptamina ou serotonina.

Entre várias funções destaca-se o contributo para o bem-estar e estado de felicidade. Ajuda também a regular o humor, o comportamento social, o apetite, a produção de melatonina, a memória e também a aumentar o desejo sexual.


COMO AUMENTAR A PRODUÇÃO DE SEROTONINA:

  • Consuma alimentos ricos em triptofano tais como: Arroz integral, Aveia, Trigo-sarraceno; Banana, Amêndoas, Ovos Escalfados
  • Otimize a sua flora intestinal 
  • Faça exercício físico regularmente


O consumo de açúcares foi relacionado com o aumento de serotonina e dopamina, no entanto este aumento é temporário. Apesar da sensação agradável momentânea, gera stresse oxidativo orgânico (potencialmente nocivo para todo o organismo) e aumenta a vontade do consumo destes alimentos, revelando um processo viciante semelhante ao das drogas (5,6).

OXITOCINA

A oxitocina é o neurotransmissor/hormona, produzida no hipotálamo, mais associada à empatia, confiança, atividade sexual e construção de relacionamentos. É por vezes referida como a "hormona do amor", porque os níveis de oxitocina aumentam muito durante o parto, amamentação, abraços e orgasmos. Alguns investigadores propuseram uma correlação entre a concentração de oxitocina e a capacidade erétil e a intensidade do orgasmo. Mostra também benefícios em várias condições, incluindo depressão, ansiedade e autismo. 


Esta hormona parece aumentar a produção da Prostaglandina E2 que é citoprotetora, exercendo efeito protetor e reparador de lesões intestinas e auxilia na patologia da síndrome do cólon irritável (7-10)

COMO AUMENTAR A PRODUÇÃO DE OXITOCINA:
  • Regule as suas hormonas estrogénicas (importante no homem e na mulher)
  • Esteja atento à qualidade do seu sono (se necessário aconselhe-se para a administração de melatonina)
  • Promova o contacto com seus familiares e amigos
  • Pratique frequentemente uma atividade física que lhe dê prazer
  • Consuma alimentos ricos em Magnésio, Zinco e outros minerais tais como: Amêndoas, Abacate, Beterrabas, Cacau.

ENDORFINA

As endorfinas são substâncias químicas produzidas pelo sistema nervoso, no hipotálamo e na glândula pituitária, em resposta à dor e ao stresse. 
Funcionam de forma semelhante à classe das drogas ou medicamentos opióides que podem atuar como analgésicos e impulsionadores de felicidade. O seu nome (endorfina) vem das palavras "endógeno", que significa "do corpo" e "morfina", que é um analgésico opiáceo.

As endorfinas estão muito associadas à prática de exercício físico prolongado e vigoroso pois eleva significativamente os seus níveis. Após esta prática percebe-se uma sensação de bem-estar e felicidade além de um bom controlo da sensação dolorosa depois do propositado esforço físico. 


Atos de generosidade, voluntariedade e de partilha também têm mostrado ativação de recetores endorfínicos.  

A quantidade de produção varia de pessoa para pessoa. Estudos sugerem que as pessoas que têm níveis mais reduzidos de endorfinas podem ser mais suscetíveis para sofrer depressão ou fibromialgia (11)

COMO AUMENTAR A PRODUÇÃO DE ENDORFINAS:
  • Faça exercício físico diariamente
  • Dê de si em benefício dos outros
  • Promova na sua vida um estilo de vida saudável
  • Consuma alimentos que nutrem os seus órgãos hormonais e o seu sistema nervoso, tais como:
    • Peixes, ómega 3, cereais integrais, frutos secos oleaginosos,
    • Ervas aromáticas (cravinho, pimenta caiena, tomilho, canela)
    • Cacau 

Concentrar-se na sua condição hormonal, sexual e digestiva fará com que se sinta bem física e emocionalmente. VIVA COM MAIS PODER E QUALIDADE DE VIDA!!


Dra. Inês Silva Pereira,
Nutricionista
ines.pereira@clinicadopoder.pt


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Referências
  1. https://vidaself.com/2017/07/25/indice-da-felicidade-felizes/
  2. https://www.tsf.pt/sociedade/saude/interior/portugal-e-o-terceiro-pais-no-mundo-onde-se-consome-mais-antidepressivos-4887695.html
  3. Bohlen, O., Dermietzel, R. (2006) Neurotransmitters and neuromodulators: handbook of receptors and biological effects, Wiley-VCH 
  4. The Institute of Functional Medicine, Textbook of Functional Medicine, (Gig Harbor, WA: 2010), 638-644.
  5. https://breakingmuscle.com/fitness/understanding-our-adrenal-system-dopamine 
  6. James McIntosh (2018) What is serotonin and what does it do? Medical News Today. Reviewed by Debra Rose Wilson, PhD. Fri 2 February. 
  7. https://www.medicalnewstoday.com/kc/serotonin-facts-232248 
  8. Maria Odete Esteves Hilário; Maria Teresa Terreri; Cláudio Arnaldo Len.  (2006) Antiinflamatórios não-hormonais: inibidores da ciclooxigenase 2. J. Pediatr. (Rio J.) vol.82 no.5 suppl.0 Porto Alegre Nov.
  9. Uvnäs-Moberg, K., Handlin, L., & Petersson, M. (2015). Self-soothing behaviors with particular reference to oxytocin release induced by non-noxious sensory stimulation. Frontiers in psychology, 5, 1529. doi:10.3389/fpsyg.2014.01529
  10. https://www.optimallivingdynamics.com/blog/25-effective-ways-to-increase-oxytocin-levels-in-the-brain
  11. Jennifer Berry (2018) Endorphins: Effects and how to increase levels. Medical News Today. Tue 6 February


terça-feira, 5 de março de 2019

A OUTRA HORMONA VITAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO SEXO MASCULINO


Além da testosterona, outra hormona é, também, vital para o desenvolvimento do sexo masculino e não provém dos testículos.



 
AP Photo/Dieu Nalio Chery
Muitas vezes a primeira pergunta que fazem aos pais depois do nascimento de um filho é “parabéns, menina ou menino?”. Para pais de um em dois mil a quatro mil nascimentos, no entanto, não há uma resposta fácil. Isto ocorre quando o bebé tem genitália "ambígua", onde não está claro a que sexo pertence.

Em bebés do sexo masculino, por muito tempo pensou-se que isto seria causado por problemas ligados à testosterona – à semelhança dos distúrbios mais comuns, como: testículos não descidos e pénis malformados, que ocorrem respetivamente em 9% e 1% dos nascimentos.

Atualmente, sabe-se que a realidade é um pouco diferente. Segundo uma nova pesquisa outra hormona conhecida como androsterona - que se origina na placenta e na glândula adrenal do feto – também é vital para o processo que distingue fetos em meninos. Essas perceções têm o potencial de fazer uma grande diferença na forma como tratamos os distúrbios sexuais em bebés do sexo masculino no futuro - e também são relevantes para todo o debate sobre a identidade masculina e feminina.

Mesmo crianças pequenas sabem que homens e mulheres geralmente são diferentes. É de conhecimento comum que os meninos se tornam homens porque os testículos do homem produzem a hormona “masculina” testosterona e, por sua vez, a testosterona torna os homens masculinos. Sabemos disso graças aos estudos inovadores do endocrinologista francês Alfred Jost no início dos anos 50.

Little boy blue. noBorders - Brayden Howie
Em diversas etapas na vida dos meninos ocorrem explosões de testosterona que desempenham um papel fundamental no seu desenvolvimento como homens. A mais conhecida é a puberdade, na qual os testículos começam a produzir muito mais testosterona. Isso deixa os garotos mais peludos, aumenta a genitália e torna a sua voz mais grave (grossa).

As outras etapas são: a “mini-puberdade”, que ocorre cerca de três meses após o nascimento e que leva a certas alterações nos testículos e no cérebro; e cerca de três meses de gestação fetal, quando um menino ainda é um feto no útero.

Embora todas essas explosões de testosterona sejam, provavelmente, muito importantes para o desenvolvimento de um macho normal, é a que está presente no útero que afeta se a criança será, efectivamente, um menino. O que agora está esclarecido é que a testosterona e os testículos já não ocupam o pódio sozinhos.

Testosterona e super testosterona

A testosterona faz parte de uma família de hormonas sexuais masculinas chamadas androgénios. Para o desenvolvimento de um macho normal, a testosterona precisa ser transformada noutro androgénio chamado dihidrotestosterona ou DHT, uma "super-testosterona" que é cinco vezes mais potente que o seu primo. Esta conversão é feita no tecido que irá ser o pénis, juntamente com as outras partes do corpo que desenvolvem características masculinas. 

As consequências do processo são claras: os meninos que não conseguem transformar a testosterona em DHT nascem com aparência feminina e só se tornam mais obviamente masculinos na puberdade.

Estes incluem os Guevedoces na República Dominicana, que, devido a uma mutação genética, não possuem enzimas para fazer a conversão de DHT. Estudar essas crianças extraordinárias no início da década de 1970 levou a pesquisadora americana Julianne Imperato-McGinley a desenvolver o medicamento finasterida para tratar o cancro da próstata.

Guevedoce - Catherine e Carla, ambos nascidos com cromossomas sexuais XY, Catherine já entrou na puberdade e teve a explosão de testosterona que lhe confere carateristicas masculinas, Carla ainda não.

Durante anos, esta história foi considerada completa - a masculinização era devida à testosterona e à conversão da testosterona em DHT. Até que uma zoóloga australiana chamada Marilyn Renfree, numa elegante série de estudos nos anos 2000, publicou a primeira evidência de que as coisas podem não ser tão simples. O estudo foi realizado em wallabys (marsupial da família dos cangurus), uma vez que os jovens na bolsa eram facilmente acessíveis para fins experimentais e imitam muito do período da gravidez em seres humanos e outros mamíferos placentários. 

Renfree descobriu que os genitais dos wallabys machos jovens produziam DHT mesmo sem testosterona dos testículos. A única conclusão confiável era que eles convertiam outros androgénios em DHT.

Ficou claro que existem duas maneiras de ter um “sinal masculino” num feto de wallaby, ambos necessários para o desenvolvimento sexual normal. O primeiro é pela testosterona dos testículos. O segundo é através de diferentes androgénios que também podem ser produzidos por outros órgãos do ser humano, incluindo as glândulas supra-renais e o fígado do feto e a placenta. Estes processos passaram a ser conhecidos como o caminho “backdoor”.

Mas o mesmo é válido para os humanos? Mais tarde foi demonstrado que sim, estudando recém-nascidos humanos masculinos que não eram adequadamente masculinizados; estes apresentavam testículos não descidos e genitália ambígua, apesar dos testículos produzirem testosterona. Descobriu-se que eram incapazes de processar os androgénios de "backdoor" porque tinham mutações nos genes de enzimas fundamentais para o processo de conversão em DHT.

Como evidência adicional de que ambos os tipos de sinal masculino são essenciais para o desenvolvimento normal de fetos masculinos humanos, também foi descoberto que fetos cujas placentas não funcionam adequadamente têm uma probabilidade duas vezes maior de nascer com testículos não descidos ou com pénis malformados - especialmente se também nascem anormalmente pequenos (para a idade gestacional).

O que se mostrou neste estudo

Neste estudo, que também envolveu a Universidade de Glasgow e colaboradores franceses e suecos, foi possível explicar o porquê. Mediram-se os níveis de diferentes hormonas sexuais masculinas no sangue de fetos masculinos e femininos, e surpreendentemente descobriu-se que apenas dois androgénios eram mais elevados em homens do que em mulheres: testosterona e androsterona

A relevância para a placenta é que é até 6.000 vezes mais pesada que o feto e produz grandes quantidades de uma hormona chamada progesterona, que pode ser convertida em androsterona - assim como o fígado e as glândulas supra-renais do feto também o podem fazer. Os testículos dos fetos humanos não têm capacidade de fazer essa conversão.

Desenvolvimento fetal. Sebastian Kaulitzki
Também se mostrou que a testosterona e a androsterona foram convertidas em DHT nos tecidos masculinos como o pénis. Não só ambos os androgénios são necessários para masculinizar o feto, como pode haver anormalidades quando os níveis são mais baixos do que o normal: por exemplo, um bom índice do grau de masculinização é a distância entre o ânus e os genitais, que se revela menor que o habitual em recém-nascidos com pénis mal formado.

Pessoas afetadas por distúrbios do desenvolvimento sexual, incluindo pénis mal formado, podem ter tempos muito difíceis e enfrentar cirurgias delicadas, terapia hormonal e outros tratamentos. Cada nova informação sobre como se dá a masculinização, aumenta a perspetiva de melhorar quando e como esses distúrbios são detetados e tratados no futuro. 

O diagnóstico precoce da redução da função placentária relacionada com a produção de androgénios no início da gestação pode permitir o tratamento antes que a formação do pénis esteja completa, evitando a necessidade de cirurgia corretiva mais tarde na vida.

Uma mensagem a reter sobre este estudo é que, embora a testosterona e a androsterona sejam de facto mais elevadas, em média, nos fetos masculinos do que nos femininos, a diferença é muito pequena. Há também considerável sobreposição entre os níveis mais baixos em meninos e os níveis mais altos em meninas. Quem está convencido de que a única escolha para as pessoas é uma escolha binária entre homem ou mulher, não tem as suas convicções com base na realidade biológica. Crenças preciosas sobre a supremacia da testosterona e dos testículos no desenvolvimento do sexo masculino também são obviamente imperfeitas.


Traduzido e adaptado do original: Move over testosterone,another hormone is also vital for making boys – and it doesn’t come fromthe testes” do The Conversation, republicado pelo site www.realclearscience.com sob o título  “The Other Hormone That's Vital for MakingBoys”.



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