quarta-feira, 13 de julho de 2016

HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA – AS CAUSAS

A próstata é um órgão do sistema reprodutor masculino. É a maior glândula sexual acessória do homem. Encontra-se adiante do reto, mesmo à frente da bexiga, envolvendo a uretra, que é o canal que transporta a urina e o sémen para o exterior. A função da próstata é produzir um fluido que protege e nutre os espermatozóides no sémen, tornando-o também mais líquido. 

O tamanho da próstata permanece constante até à meia-idade adulta (40 anos aproximadamente). Nessa altura, em contraste com a fase de crescimento da puberdade, que envolve toda a glândula, muitas vezes há uma terceira fase de crescimento seletivo, envolvendo uma das três zonas da próstata anatomicamente distintas, a periuretral. Assim as células da próstata ao lado da uretra começam a multiplicar-se dando origem a Hiperplasia Benigna Prostática – HBP.





Sendo uma hiperplasia benigna não se refere a uma situação oncológica, no entanto é uma condição inflamatória propícia a dano genético e consequentemente suscetível a formações neoplásicas.
Hoje em dia a HBP é uma condição extremamente prevalente na idade adulta masculina e senescência, afetando 42% dos homens na quinta década de vida e quase 90% em homens com mais de 80 anos de idade.

Se o processo de multiplicação celular for contínuo e exagerado, pode verificar-se uma compressão exterior à uretra, provocando um fluxo urinário reduzido e em última instância infeção e danos nos rins. A irritação da uretra e a compressão aumentam a noctúria (necessidade de se levantar durante a noite para esvaziar a bexiga, interrompendo assim o sono).

Metabolismo androgénico

Os androgénios (hormonas sexuais principalmente masculinas) têm um papel essencial na biologia da próstata, mas os estrogénios (hormonas sexuais principalmente femininas) também podem afetar o crescimento e a diferenciação desta glândula. As concentrações intracelulares desses esteróides nos tecidos alvos são reguladas pelo metabolismo local de hormonas, altamente dependente de enzimas específicas metabolizadoras de esteróides, como a 5α-redutase  e a aromatase. Na próstata, a ação androgénica é acentuada devido à conversão de testosterona em dihidrotestosterona (DHT) por ação da enzima 5α-redutase, enquanto que a enzima aromatase é responsável pela aromatização da testosterona em estrogénios. Assim, a síntese local destes esteróides assume grande importância em doenças associadas a tecidos glandulares, como a HBP e cancro de próstata, onde níveis anormais de hormonas promovem o desenvolvimento e o aumento de ocorrência de neoplasias.

Com a senescência e a alimentação tem sido alterada a produção, ativação e metabolização dos androgénios, inclusive os níveis de testosterona. Não apenas níveis reduzidos de testosterona, mas também de estrogénios com o estradiol estão associados a HBP. 

Durante a senescência masculina, o nível dos andrógenos tendem a diminuir e não aumentar. Dados significativos indicam que não são só os reduzidos níveis de testosterona, mas também os elevados de estradiol podem favorecer a HBP.





Mais detalhadamente, a enzima aromatase P450, que converte androgénios (especialmente a testosterona) em estrogénios, é altamente expressa não apenas em tecido gordo, mas também no trato urogenital. O aumento desta enzima tem sido demonstrado em indivíduos de mais idade ou com níveis reduzidos de testosterona e/ou com diabetes Mellitus, resistência insulínica ou com consumos exagerados e frequentes das mais variadas fontes de açúcares, havendo portanto uma diminuição ainda mais acentuada dos níveis da testosterona e aumento de estrogénio, potenciando a HBP.

A enzima 5- α-redutase humana catalisa o último passo na biossíntese de androgénios, concretamente a redução da testosterona em dihidrotestosterona (DHT). É frequente com o passar dos anos que se verifique uma produção elevada de 5- α-redutase A DHT é a maior impulsionadora do aumento da próstata e responsável também pela calvície masculina. 


Alimentação e estilo de vida

Inúmeros estudos científicos já comprovaram que condições de hiperinsulinismo /resistência insulínica e Diabetes Mellitus são considerados potenciais fatores de risco para HBP e cancro de próstata. Os resultados avaliados indicam que a insulina é um fator de risco para HBP, pois verifica-se um estímulo através dos recetores IGF-1 (fator de crescimento insulina-like) para o crescimento da próstata. 
Investigadores perceberam que o consumo diário de carne triplica o risco de aumento prostático, o consumo de leite de vaca dobra esse risco e falta de consumo regular de vegetais quase quadruplica o risco a HBP.



Alimentação rica em proteínas animais, como as carnes e produtos lácteos e fontes de açúcares está intimamente associada ao aumento dos níveis de IGF-1R (fator de crescimento semelhante à insulina). O IGF-1R exerce uma ação significativa no componente endócrino da próstata, e outros órgãos como o útero e mama favorecendo o crescimento/aumento celular. 

Obesidade

A obesidade central/abdominal é uma patologia identificada como fator de risco muito elevado devido ao fato de que conduz a modificações que conduzem à inflamação sistémica - aguda e crónica. A obesidade abdominal pode ser diagnosticada com Circunferência Abdominal maior do que 90 cm em homens e 80 cm em mulheres. Muitos estudos têm mostrado que homens obesos têm um risco mais elevado para ser portadores de HBP; circunferência abdominal elevada esta positivamente associada a volume da próstata, soro com antígenos específicos da próstata, e agravamento dos sintomas do trato urinário inferior. A obesidade aumenta a pressão intra-abdominal, que por sua vez aumenta a pressão da bexiga e pressão intravesical, com o potencial de exacerbar e provocar/piorar os sintomas da HBP.


Conclusão

A HBP não é um problema inevitável. Depende, muito notoriamente, do ambiente celular hormonal e alimentar dos indivíduos. Assim como em muitas áreas da biologia e fisiologia do homem, a escolha do estilo de vida, incluindo o estilo alimentar e nutricional pode incentivar as células da próstata a aumentar, formando outras agravantes ou pode ajudá-las a estar estáveis e funcionais.
Por estes factos, hoje em dia a HBP não é só vista como um mero problema hidráulico, para ser resolvido com uma intervenção cirúrgica, mas também um problema metabólico, a ser resolvido com uma abordagem multidisciplinar, que inclui também a regulação hormonal e alimentação/nutrição.
Através da alimentação e suplementação adequada é possível manter níveis ótimos hormonais, como por exemplo a testosterona, DHEA, progesterona, sendo o objetivo evitar a conversão de testosterona em estrogénio e em DHT e inibir a aromatase e a 5-alfa redutase (principalmente com elementos oligoméricos e antioxidantes).

Referências técnicas e científicas:


  • Hartog, H. et allia (2007) Review: The insulin-like growth factor 1 receptor in cancer: Old focus,new future. European  Journal Of  Cancer, 43, 1895 –1904.
  • Giovanni Corona, G. et all (2014) Review Article Benign Prostatic Hyperplasia: A New Metabolic Disease of the Aging Male and Its Correlation with Sexual Dysfunctions. Hindawi Publishing Corporation International Journal of Endocrinology. Volume 2014, Article ID 329456, 14 pages.


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