sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O QUE MUDA NO SEXO COM A MENOPAUSA?

A menopausa define o final da capacidade reprodutiva da mulher e acarreta diversas consequências físicas e psicológicas que destabilizam a mulher, quer a nível pessoal, social, conjugal ou sexual. E, devido ao aumento da esperança de vida, um maior número de mulheres vivencia um período crescente na menopausa, bem como todos os fatores a esta associados.

Antecedendo a menopausa, existe o climatério, fase em que ocorrem alterações no perfil hormonal da mulher que se caracteriza por irregularidades menstruais e sintomas característicos da diminuição de estrogénio, iniciando assim gradualmente alterações físicas e psicológicas.

Os problemas que caracterizam o climatério, como os afrontamentos, os episódios de transpiração ou as crises de palpitações, também podem influenciar negativamente a vida sexual, mas essencialmente porque causam desconforto e muitas vezes fazem a mulher sentir-se insegura se os problemas forem intensos.

Há também vários fatores de natureza psicológica que podem repercutir-se negativamente na vida da mulher, durante a menopausa. Neste período, por exemplo, é habitual verificar-se uma certa tendência para depressão, perturbação que, entre outras manifestações, origina uma diminuição do impulso sexual.

A sexualidade pode ser afetada também pela sua própria condição de saúde, pela saúde do seu parceiro, pelas medicações que ambos tomam e algumas mulheres podem não se interessar por sexo sequer. Existe a ideia, absolutamente falsa, mas ainda muito generalizada, de que a sexualidade é património da juventude. Com esse pensamento pode ocorrer uma sensação de insegurança pessoal ou uma convicção íntima de falta de atração que conduz ao desinteresse pela vida sexual.
Contudo, a dificuldade sexual mais comum é a perturbação da excitação, o que corresponde à dificuldade na lubrificação, originando diminuição do desejo sexual, aumento das relações sexuais dolorosas e dificuldade em atingir o orgasmo.

Por volta dos 50 anos os ovários deixam de funcionar diminuindo abruptamente a produção de hormonas. O ciclo menstrual resulta da interação cíclica da hormona estimuladora da libertação das gonadotrofinas (GnRH), produzidas no hipotálamo, hormona folículo-estimulante (FSH) e hormona luteinizante (LH).  A FSH e a LH estimulam por sua vez a produção de esteróides ováricos, estradiol e progesterona.

Após a menopausa ocorre uma total privação de estrogénios e androgénios tendo impacto em múltiplos sistemas.

A nível genital, por exemplo, o défice hormonal provoca como elemento mais significativo em relação ao ato sexual, uma progressiva atrofia das paredes da vagina, perdem elasticidade e são menos lubrificadas, podendo levar a algum desconforto ou mesmo dor durante à relação sexual e consequentemente diminuição do prazer.

Mais de 1/3 das mulheres referem problemas da função sexual nesta fase das suas vidas, mesmo sendo um tema difícil de se abordar.

Para algumas mulheres que tendem a associar a sexualidade à juventude, a fase da menopausa implica uma perda de interesse ou mesmo um total afastamento das relações sexuais. Para outras, pelo contrário, o final da etapa reprodutora implica uma espécie de libertação, pois já não receiam uma eventual gravidez, e algumas conseguem até superar nesta fase algumas inibições que condicionavam a sua vida sexual quando eram mais jovens. Além disso muitas mães que tem filhos já capazes de orientar suas vidas podem dedicar mais tempo a si próprias e ao seu parceiro, o que por muitas vezes significa um renascimento da vida sexual.

É importante que a mulher conheça as alterações fisiológicas presentes na menopausa, pois apenas desta forma poderá adequar-se às modificações e aproveitar todo o seu potencial a nível sexual.
A intensa mudança nas funções sociais, psicológicas, emocionais e físicas influenciam a função sexual normal. Porém poucas mulheres procuram tratamento adequado, apresentando como principais barreiras a opinião de que é “normal para a idade”.


Estas terapêuticas usadas antes e após a menopausa a fim de melhorar a qualidade de vida das mulheres podem ser aplicadas em simultâneo, atuando em sinergia, visando a maximização dos resultados:

Terapia farmacológica
Otimização hormonal
Dieta adequada
Prática de atividade física regular
Cura (ou melhoria significativa) de doenças associadas
Eliminação de fatores de elevada tensão emocional
Terapia laser de baixa intensidade.


A sexualidade é um pilar da qualidade de vida e é determinada por uma interação complexa de fatores que refletem experiências evolutivas com a relação sexual ao longo de todo o ciclo vital. A sexualidade dá as pessoas intimidade, afeição, amor, admiração, cumplicidade e Poder.

Henrique Pedroso
Fisioterapeuta
henrique.pedroso@clinicadopoder.pt

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Referências técnicas e científicas:

Badran, Andre Vannuchi, Aspectos da sexualidade na menopausa. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2007; 52(2):39-43

Fernandes, Isabel Catarina Gomes, Consequências da menopausa na sexualidade feminina. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2015. Tese de Mestrado

Sexualidade da mulher na menopausa, http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/sexualidade-da-mulher-na-menopausa.

CREMA, Izabella Lenza; TILIO, Rafael De  and  CAMPOS, Maria Teresa de Assis. Repercussões da Menopausa para a Sexualidade de Idosas: Revisão Integrativa da Literatura. Psicol. cienc. prof. [online]. 2017, vol.37, n.3, pp.753-769.

Valença, Cecília Nogueira, Nascimento Filho, José Medeiros do and Germano, Raimunda Medeiros Mulher no climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidade. Saude soc., Jun 2010, vol.19, no.2, p.273-285.
Cabral, Patrícia Uchôa Leitão et al. Physical activity and sexual function in middle-aged women. Rev Assoc Med Bras, Feb 2014, vol.60, no.1, p.47-52.

Giorno, Cecília Del et al. Efeitos do Trifolium pratense nos sintomas climatéricos e sexuais na pós-menopausa. Rev. Assoc. Med. Bras., 2010, vol.56, no.5, p.558-562.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O PAPEL DA VITAMINA D NAS DOENÇAS AUTOIMUNES

O estilo de vida do homem hoje em dia deixa o sistema imunitário enfraquecido e desregulado, principalmente porque tem de desempenhar as suas funções de defesa em ambiente de carência nutricional, de stresse oxidativo e regra geral também em ambiente de “guerra imunitária”. Nestas circunstâncias a capacidade de funcionamento do sistema imunitário fica diminuída, o hábito de identificar elementos estranhos e patógenos é tal que, como resultado, se verifica uma “confusão na identificação do que é bom e mau” – surgem as doenças autoimunes.

DOENÇA AUTOIMUNE

Uma doença autoimune é uma doença em que o próprio sistema imunitário do organismo agride/ataca os tecidos sãos do corpo. O sistema imunitário é um complexo orgânico altamente organizado e projetado para procurar identificar e destruir invasores do corpo, incluindo agentes infecciosos, entre outras substâncias. Com a presença de um distúrbio autoimune o sistema imunitário produz frequentemente anticorpos incomuns que visavam inicialmente atingir algum elemento estranho, mas que de forma anormal acabam por atingir vários tecidos sãos. Ocorre frequentemente um processo de mimetismo molecular. 

Alguns exemplos de doenças autoimunes incluem lúpus eritematoso, síndrome de Sjogren, tireoidite de Hashimoto, artrite reumatóide, diabetes juvenil (tipo 1), polimiosite, esclerodermia, doença de Addison, vitiligo, anemia perniciosa, glomerulonefrite, fibrose pulmonar, síndrome de Guillain-Barré (polineuropatiaaguda ascendente), esclerose múltipla, cirrose biliar primária, espondilite anquilosante, miastenia gravis, psoríase, entre outras.

VITAMINA D – COMO INFLUENCIA A IMUNIDADE

Muitos fatores influenciam a funcionalidade do sistema imunitário, desde os hábitos alimentares, atividade física, sono, modelação hormonal, hábitos tabágicos, higiene mental e física, entre outros. Estudos têm percebido a estreita associação da Vitamina D e o sistema imune.

A vitamina D (vit. D) é uma pro-hormona que tem sido alvo de um número crescente de pesquisas nos últimos anos. Tem demonstrado a sua função além de no metabolismo do cálcio e da formação óssea, também na sua interação com o sistema imunitário. Esta interação não é totalmente nova tendo em vista que a expressão do recetor de vit. D já foi identificada numa ampla variedade de tecidos corporais tais como cérebro, coração, pele, intestino, gónadas, próstata, seios e células imunes, além de nos ossos, rins e paratiroides.

O efeito da vitamina D no sistema imunitário traduz-se num aumento da imunidade inata associado a uma regulação multifacetada da imunidade adquirida tendo sido também demonstrada uma relação entre a deficiência de vit. D e a prevalência de algumas doenças autoimunes como a diabetes insulino-dependente, esclerose múltipla, artrite reumatóide, lúpus erimatoso sistémico e a doença inflamatória intestinal.

A vit. D parece interagir com o sistema imunitário através da ação sobre a regulação e diferenciação de células como linfócitos, macrófagos e células natural-killer (NK), além de interferir na produção de citocinas (moléculas sinalizadoras inflamatórias).


Os macrófagos, as células dendríticas e as células T e B possuem a maquinaria enzimática para produzir vit. D, e a produção de enzimas pode ser induzida por vários fatores o que tende a gerir os processos inflamatórios do organismo. Portanto, a vit. D é capaz de contribuir fisiologicamente para a regulação autócrina e parácrina de imunidade tanto inatas como adquiridas através do recetor vit. D (VDR) expresso no núcleo dessas células.

A vitamina D possui uma potente atividade reguladora sobre o sistema imunológico, que suprime o programa anormal de atividades (denominado "Th17") responsável pelas agressões imunes contra o nosso próprio organismo (doenças autoimunes). Também induz a proliferação de células reguladoras, denominadas de linfócitos T reguladores (ou "Treg") o que contribui para inibir as agressões autoimunes.

A vitamina D como pró-hormona, apresenta uma função que consiste em produzir e modificar de necessário as reações biológicas nos tecidos-alvo por mediar a transcrição do genoma através do VDR (recetor de vit. D). O mecanismo de transcrição de genoma é extremamente importante pois vai conduzir à tradução em moléculas proteicas correspondentes que determinam o curso dos processos metabólicos nas células e tecidos, ou seja a vitamina D é essencial ao processo de divisão de celular, garante que os tecidos novos são sãos (não sofreram mutação) o tende a potenciar o bom funcionamento do novo órgão/tecido celular.

Em geral, a hormona D regula a expressão de aproximadamente 3% de todo o genoma do homem (mais de 1000 genes localizados em cromossomas diferentes). 

É a abundância de evidências epidemiológicas, tanto diretas quanto indiretas, bem como uma plausibilidade biológica significativa que comprova o papel da vitamina D no início e progressão de doenças autoimunes.

O tratamento com a vitamina D é um caminho, uma ferramenta muito útil em todo o processo de tratamento que deve ser associada a uma orientação e alteração do estilo de vida - o que se aplica em qualquer patologia.


Drª Inês Pereira
Nutricionista da Clínica do Poder
ines.pereira@clinicadopoder.pt

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Referências técnicas e científicas:

Aly, H., Abdel-Hady H. (2015) Vitamin D and the neonate: An update. J Clin Neonatol; 4:1-7.

Antico, A. et alli (2012) Can supplementation with vitamin D reduce the risk or modify the course of autoimmune diseases? A systematic review of the literature. Autoimmunity Reviews. 12; 127–136

Bowles, J.T The miraculous results of extremely high doses of sunshine hormone vitamine D3. Jeff T. Bowles Publishing LLC. Amazon.co.uk, Ltd., Marston gate. GB.Vol.16. P. 137-161.

Costa, J.P., Cova M, Ferreira, R., Vitorino R. (2015) Defensins in viral infections. Applied Microbiology and Biotechnology; 99(5):2023 2040. 

Dankers W, Colin EM, van Hamburg JP and Lubberts E (2017) Vitamin D in Autoimmunity:Molecular Mechanisms and Therapeutic Potential. Front. Immunol. 7:697.

Marques, C. et alli (2010) Revisão: A importância dos níveis de vitamina D nas doenças autoimunes. Rev Bras Reumatol ;50(1):67-80

Watkins RR, Lemonovich TL, Salata RA. (2015) An update on the association of vitamin D deficiency with common infectious diseases. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology; 93(5):363-368.