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O QUE MUDA NO SEXO COM A MENOPAUSA?

A menopausa define o final da capacidade reprodutiva da mulher e acarreta diversas consequências físicas e psicológicas que destabilizam a mulher, quer a nível pessoal, social, conjugal ou sexual. E, devido ao aumento da esperança de vida, um maior número de mulheres vivencia um período crescente na menopausa, bem como todos os fatores a esta associados.

Antecedendo a menopausa, existe o climatério, fase em que ocorrem alterações no perfil hormonal da mulher que se caracteriza por irregularidades menstruais e sintomas característicos da diminuição de estrogénio, iniciando assim gradualmente alterações físicas e psicológicas.

Os problemas que caracterizam o climatério, como os afrontamentos, os episódios de transpiração ou as crises de palpitações, também podem influenciar negativamente a vida sexual, mas essencialmente porque causam desconforto e muitas vezes fazem a mulher sentir-se insegura se os problemas forem intensos.

Há também vários fatores de natureza psicológica que podem repercutir-se negativamente na vida da mulher, durante a menopausa. Neste período, por exemplo, é habitual verificar-se uma certa tendência para depressão, perturbação que, entre outras manifestações, origina uma diminuição do impulso sexual.

A sexualidade pode ser afetada também pela sua própria condição de saúde, pela saúde do seu parceiro, pelas medicações que ambos tomam e algumas mulheres podem não se interessar por sexo sequer. Existe a ideia, absolutamente falsa, mas ainda muito generalizada, de que a sexualidade é património da juventude. Com esse pensamento pode ocorrer uma sensação de insegurança pessoal ou uma convicção íntima de falta de atração que conduz ao desinteresse pela vida sexual.
Contudo, a dificuldade sexual mais comum é a perturbação da excitação, o que corresponde à dificuldade na lubrificação, originando diminuição do desejo sexual, aumento das relações sexuais dolorosas e dificuldade em atingir o orgasmo.

Por volta dos 50 anos os ovários deixam de funcionar diminuindo abruptamente a produção de hormonas. O ciclo menstrual resulta da interação cíclica da hormona estimuladora da libertação das gonadotrofinas (GnRH), produzidas no hipotálamo, hormona folículo-estimulante (FSH) e hormona luteinizante (LH).  A FSH e a LH estimulam por sua vez a produção de esteróides ováricos, estradiol e progesterona.

Após a menopausa ocorre uma total privação de estrogénios e androgénios tendo impacto em múltiplos sistemas.

A nível genital, por exemplo, o défice hormonal provoca como elemento mais significativo em relação ao ato sexual, uma progressiva atrofia das paredes da vagina, perdem elasticidade e são menos lubrificadas, podendo levar a algum desconforto ou mesmo dor durante à relação sexual e consequentemente diminuição do prazer.

Mais de 1/3 das mulheres referem problemas da função sexual nesta fase das suas vidas, mesmo sendo um tema difícil de se abordar.

Para algumas mulheres que tendem a associar a sexualidade à juventude, a fase da menopausa implica uma perda de interesse ou mesmo um total afastamento das relações sexuais. Para outras, pelo contrário, o final da etapa reprodutora implica uma espécie de libertação, pois já não receiam uma eventual gravidez, e algumas conseguem até superar nesta fase algumas inibições que condicionavam a sua vida sexual quando eram mais jovens. Além disso muitas mães que tem filhos já capazes de orientar suas vidas podem dedicar mais tempo a si próprias e ao seu parceiro, o que por muitas vezes significa um renascimento da vida sexual.

É importante que a mulher conheça as alterações fisiológicas presentes na menopausa, pois apenas desta forma poderá adequar-se às modificações e aproveitar todo o seu potencial a nível sexual.
A intensa mudança nas funções sociais, psicológicas, emocionais e físicas influenciam a função sexual normal. Porém poucas mulheres procuram tratamento adequado, apresentando como principais barreiras a opinião de que é “normal para a idade”.


Estas terapêuticas usadas antes e após a menopausa a fim de melhorar a qualidade de vida das mulheres podem ser aplicadas em simultâneo, atuando em sinergia, visando a maximização dos resultados:

Terapia farmacológica
Otimização hormonal
Dieta adequada
Prática de atividade física regular
Cura (ou melhoria significativa) de doenças associadas
Eliminação de fatores de elevada tensão emocional
Terapia laser de baixa intensidade.


A sexualidade é um pilar da qualidade de vida e é determinada por uma interação complexa de fatores que refletem experiências evolutivas com a relação sexual ao longo de todo o ciclo vital. A sexualidade dá as pessoas intimidade, afeição, amor, admiração, cumplicidade e Poder.

Henrique Pedroso
Fisioterapeuta
henrique.pedroso@clinicadopoder.pt

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Referências técnicas e científicas:

Badran, Andre Vannuchi, Aspectos da sexualidade na menopausa. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2007; 52(2):39-43

Fernandes, Isabel Catarina Gomes, Consequências da menopausa na sexualidade feminina. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2015. Tese de Mestrado

Sexualidade da mulher na menopausa, http://www.atlasdasaude.pt/publico/content/sexualidade-da-mulher-na-menopausa.

CREMA, Izabella Lenza; TILIO, Rafael De  and  CAMPOS, Maria Teresa de Assis. Repercussões da Menopausa para a Sexualidade de Idosas: Revisão Integrativa da Literatura. Psicol. cienc. prof. [online]. 2017, vol.37, n.3, pp.753-769.

Valença, Cecília Nogueira, Nascimento Filho, José Medeiros do and Germano, Raimunda Medeiros Mulher no climatério: reflexões sobre desejo sexual, beleza e feminilidade. Saude soc., Jun 2010, vol.19, no.2, p.273-285.
Cabral, Patrícia Uchôa Leitão et al. Physical activity and sexual function in middle-aged women. Rev Assoc Med Bras, Feb 2014, vol.60, no.1, p.47-52.

Giorno, Cecília Del et al. Efeitos do Trifolium pratense nos sintomas climatéricos e sexuais na pós-menopausa. Rev. Assoc. Med. Bras., 2010, vol.56, no.5, p.558-562.

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