sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

OS EFEITOS DO EXCESSO DE PESO NA PRÓSTATA - Parte 1


OBESIDADE E DOENÇA PROSTÁTICA


Já é conhecida a associação da obesidade com o risco de doença cardíaca, diabetes, doença renal e outras. Além destas patologias tem-se verificado a conexão da obesidade com: a prostatite, a hiperplasia benigna prostática e o cancro da próstata.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu excesso de peso como a presença de um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25 kg/m2 e obesidade como IMC superior a 30 kg/m2. Apesar do cálculo do IMC apresentar algumas limitações, tais como a incapacidade de diferenciar a massa gorda e muscular, a avaliação IMC pode ser muito útil para identificar a necessidade de ajustes no estilo de vida de forma a prevenir a doença e/ou melhorar a saúde dos indivíduos, especialmente numa faixa etária mais envelhecida.



A obesidade central ou abdominal, avaliada através da medição da circunferência abdominal (C.A.), é conhecida como mais perigosa do que obesidade geral no corpo devido a potenciar alterações na produção hormonal e às consequências inflamatórias destas. A obesidade abdominal é diagnosticada se a circunferência abdominal for superior a 90 cm nos homens e a 80 cm nas mulheres.

O tecido adiposo é dividido em 2 categorias:
·         Visceral (abdominal/central)
·         Subcutâneo (periférico).


O Tecido Adiposo Visceral é composto principalmente por gordura omental, mesentérica e gordura retroperitoneal que delineia a fronteira dorsal dos intestinos e da superfície ventral dos rins. Este é metabolicamente ativo, tendo maior capacidade de degradar gordura do que o Tecido Adiposo Subcutâneo e, também, de produzir elementos e marcadores pro-inflamatórios – Adipocinas

As Adipocinas promovem a presença de elevados níveis de Leptina (hormona de ação predominante protumoral) e reduzidos níveis de Adiponectina (hormona de ação antitumoral e de ajuda à diminuição da obesidade abdominal). Além disso, estas adipocinas provocam alteração das lipoproteínas plasmáticas (avaliadas frequentemente em ambiente clínico para diagnóstico).

O processo inflamatório crónico envolve elementos humorais e celulares que ativam diversas células imunitárias. O desequilíbrio nesta ativação pode terminar numa séria desregulação do sistema imunitário e ativação de fatores de crescimento anómalos que promovem o aparecimento de massa estranhas no corpo, tais como quistos, tumores, ou apenas aumento do volume de algum órgão.



Visto que a obesidade está muito associada a um estilo de vida sedentário, é relevante ter em conta que a atividade física reduz muito o risco de desenvolver doenças prostáticas.

É essencial a aplicação de estratégias de tratamento que incluam a perda de peso e a alteração do estilo de vida.


OBESIDADE E PROSTATITE

A prostatite incide aproximadamente em 10-14% dos homens de todas as idades e origem racial e cerca de 50% dos homens a dada altura da vida sofrem com esta condição.

Vários estudos percebem a associação de um menor IMC como efeito protetor contra a prostatite principalmente com o aumento da faixa etária.

A prostatite crónica bacteriana (PCB) apresenta como principais sintomas a dor urogenital, sintomas do trato urinário inferior (tais como micção com alta pressão, disfunção do esfíncter e problemas na micção, epididimite), problemas psicológicos e disfunção sexual. A PCB pode, inclusive, levar à infertilidade por danificar os ductos ejaculatórios e/ou causar vesiculite e epididimite, que podem ser consideradas como formas intermediárias ou completamente estendidas de infeções por glândulas acessórias masculinas.


A prostatite também tem sido reportada com grande frequência em associação a condições não-urológicas, tais como distúrbios gastrointestinais (GI) (especialmente a presença de síndrome de intestino irritado), comprometimento do sistema imunitário devido a outras patologias crónicas e certas condições psiquiátricas/psicológicas (como ansiedade e alterações de humor). Distúrbios GI possuem uma fisiopatologia bastante complexa e multifatorial, que incluem o fator básico de patologia intestinal, a disbiose, seguindo-se da capacidade da flora comensal intestinal após a terapia antibiótica para o tratamento da PCB, que resulta muitas vezes em inflamação da mucosa. Inicia-se um ciclo vicioso em que a inflamação da mucosa e o desequilíbrio imunitário pode promover a retenção de líquidos e acumulação exacerbada de gorduras – favorecendo o excesso de peso e a obesidade – e vice-versa.

Esta condição patológica tem um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes e um diagnóstico precoce é essencial para a aplicação rápida de uma terapêutica e cura.


Dra. Inês Silva Pereira,
Nutricionista
ines.pereira@clinicadopoder.pt


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Referências técnicas e científicas:



  • Mistry, T.; Digby, J.E.; Desai, K.M.; Randeva, H.S. (2007). Obesity and prostate cancer: a role for adipokines, European Urology, 52, p. 46–53. 
  • Parikesit, D.; Mochtar, C. A.; Umbas, R. & Hamid, A. R. (2015). The impact of obesity towards prostate diseases. Prostate international, 4(1), 1-6.
  • Vicari, E., La Vignera, S., Castiglione, R., Condorelli, R. A., Vicari, L. O., & Calogero, A. E. (2014). Chronic bacterial prostatitis and irritable bowel syndrome: effectiveness of treatment with rifaximin followed by the probiotic VSL#3. Asian journal of andrology, 16(5), 735-9. 
  • WHO consultation. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a World Health Organization WHO technical report series. 2000; 894:i–xii. 1–253


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