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COVID-19: «INSISTIR E NÃO DESISTIR NA PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA»


Perante a situação epidemiológica nacional e internacional, o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos (OM) para a Covid-19 emitiu esta terça-feira um documento com recomendações, salientando que «a pandemia SARS-CoV-2 não terminou e, na presente data, a nível global o número de casos confirmados ultrapassa os 9 milhões e o dos óbitos aproxima-se dos 500.000».

Quanto ao nosso país, «a maioria da população permanece suscetível e todos estão em risco de contrair formas graves de doença e eventuais sequelas, cuja evolução da doença ainda não permite clarificar», sublinha a OM. Aliás, refere o organismo, «os números de casos de Covid-19 registados na última semana colocam Portugal com o segundo pior rácio de novas infeções por cada 100 mil habitantes entre os 10 países europeus com mais contágios, apenas atrás da Suécia». Desta forma, considera a OM que «o desconfinamento em curso, deve exigir a todos, inclusive à população supostamente de menor risco, a máxima responsabilidade e a estrita adesão às medidas de saúde pública em vigor, de modo a evitar retrocessos com consequências muito prejudiciais para o país».

A Ordem observa ainda que a afirmação que há mais casos positivos no nosso país porque se testa mais, «está descontextualizada e é socialmente desadequada ao promover a falsa sensação de segurança de que nos outros países há mais casos do que os reportados», prejudicando «o cumprimento das medidas de contenção da doença».

Relativamente ao combate aos novos surtos, nomeadamente na região metropolitana de Lisboa, a instituição defende «uma melhor caracterização dos indicadores epidemiológicos locais e nacionais, processos mais céleres de deteção e atuação, os recursos necessários, nomeadamente o reforço das equipas de saúde pública, bem como medidas de apoio social e o envolvimento das estruturas comunitárias locais na sensibilização da população».

Além disso, o organismo defende «clareza e coerência entre todas as medidas, nomeadamente, nas viagens aéreas, ajuntamentos e eventos de massas, fundamentais no envolvimento e cumprimento das medidas de saúde pública pela população».

Em suma, e no momento atual, o Gabinete de Crise considera ser «absolutamente essencial» manter ou implementar medidas a nível nacional que possam mitigar e eliminar a Covid-19, nomeadamente o uso obrigatório de máscara em locais públicos; o distanciamento social de 2 metros em locais públicos; as medidas de higiene preconizadas pela DGS; evitar reuniões/encontros com mais de 10 pessoas; adiar festas públicas, que não possam cumprir as medidas de segurança coletiva; manter estádios sem adeptos; nos aviões e aeroportos reforçar as medidas de segurança e proteção individual e coletiva, incluindo a generalização da tripla avaliação epidemiológica, e a possibilidade de testar e de quarentena em todos os casos que o justifiquem; nos centros comerciais, escolas, lares e praias cumprir de forma escrupulosa as medidas em curso; implementar nos locais de trabalho horários desfasados para os colaboradores, o teletrabalho quando adequado, e as medidas preconizadas pela DGS; implementar aplicação digital que ajude no rastreio de contactos ao nível do internamento e da saúde pública; e uma «comunicação clara, transparente, objetiva e centrada nas medidas preventivas».

Fonte: Tempo Medicina Quarta-Feira, 24 de Junho de 2020


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