Uma mudança para um trabalho demasiado exigente, uma relação conflituosa longa, o luto pela morte de alguém significativo, períodos de desemprego prolongado ou o estar a cuidar de alguém dependente, são alguns dos exemplos de situações de vida que podem desenvolver stresse crónico no nosso organismo.
Ao contrário do stresse agudo, que é sentido durante um curto período de tempo, o stresse crónico resulta de um estado de excitação do nosso organismo que é contínuo e frequente, ao ponto de não permitir que o sistema nervoso autónomo consiga ativar a chamada resposta de relaxamento que é vital para a sua regulação.
Conhecem-se já muitos dos efeitos negativos que o stresse geralmente produz, mas o que a ciência tem vindo cada vez mais a descobrir é até que ponto o stresse crónico impacta sobre a nossa longevidade. E o problema é que este impacto não se resume somente a um aumento de rugas ou cabelos brancos, ele alcança níveis mais profundos do que isso, senão veja:
- Há prejuízos ao nível genético no ADN com enfraquecimento dos telómeros e das extremidades protectivas que ligam e mantem a comunicação entre as cadeias, conduzindo assim a erros no comportamento das células que afetam directamente a longevidade e a saúde;
- Surgem perturbações no sistema imunitário e as pessoas ficam muito mais vezes doentes do que o habitual, fazendo com que o corpo se desgaste e demore mais tempo a recuperar. Há por exemplo pessoas saudáveis que ao passarem por processos de luto demonstram várias desregulações imunológicas como o aumento das células assassinas;
- Mulheres sob stresse crónico carecem de uma hormona chamada Klotho, uma carência que potencia sinais de envelhecimento como o endurecimento das artérias, a perda de músculo e de osso;
- Há um aumento dos marcadores inflamatórios no organismo aumentando assim o risco cardiovascular e de Alzheimer;
- Surgem problemas de memória que levam a alterações de comportamento, identidade, depressão, ansiedade, retraimento ou isolamento social, causando mazelas no bem-estar subjectivo da pessoa e fomentando o envelhecimento precoce.
Esta experiência não tem nada de louvável é certo, mas serve como metáfora para compreendermos que a capacidade de nos adaptarmos a ambientes de stresse crónico pode muitas vezes acabar mal e de modo precoce.
Lembre-se que há muitos recursos à sua disposição para cuidar de si como o aprender a relaxar e a ser mais sensível aos sinais e sensações do seu corpo (pode aprender a praticar técnicas como o Focusing ou o Mindfulness), rodear-se de pessoas que gosta, moderar as suas preocupações, alimentar-se bem, ter bons ritmos de sono, caminhar e estimular os seus sentidos na companhia da natureza, não ser tão auto-crítico ou reavaliar a sua vida, as suas relações e trabalho.
Estes podem ser excelentes pontos de partida para não se deixar cozer pelos efeitos do stresse crónico.
João da Fonseca
Psicologia | Psicoterapia | Bem-Estar e Crescimento Pessoal
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