quinta-feira, 11 de julho de 2019

A FEBRE DOS ALIMENTOS BIOLÓGICOS. MAS AFINAL PORQUE SÃO MELHORES??

Nenhuma atividade humana, nem mesmo a medicina, tem tanta importância para a saúde como a agricultura referiu o Prof. Pierre Delbet (Academia de Medicina, França). 

Refletir sobre a qualidade do “combustível” que sustenta a nossa máquina é um esforço muito útil para cada ser humano a curto e longo prazo. 

A praticidade do consumo alimentar tornou-se essencial pelas circunstâncias do nosso quotidiano, todos sentimos isso, mas será que os produtos que adquirimos das prateleiras e embalagens, com brilho e tamanho perfeito, nutrem realmente as nossas células, tecidos e órgãos??


Porque surgiu a necessidade de distinguir a agricultura convencional/moderna da biológica? 

A agricultura moderna introduziu inúmeros avanços tecnológicos, desenvolveu-se a indústria dos pesticidas, principalmente para aumentar o crescimento e destruir pragas - garantindo o aumento dos rendimentos. Mas o preço deste acréscimo de produtividade foi elevado
  • contaminação do solo, das águas, da atmosfera e dos alimentos; 
  • desertificação do meio rural; 
  • perda de biodiversidade; 
  • efeitos na saúde humana e animal:  
    • associação a cancros, 
    • doenças autoimunes, 
    • distúrbios hormonais, etc. 

Em Portugal são aplicados anualmente cerca de 23.000 ton. de pesticidas, colocando o nosso País em quinto lugar, a nível mundial, em termos de consumo de pesticidas por unidade de superfície. 

Certos pesticidas, que mimetizam a ação de hormonas (e por isso conhecidos como “disruptores endócrinos”), têm uma ação mais forte a pequenas concentrações do que a concentrações elevadas. Têm sido associados a problemas de infertilidade e cancros nos órgãos reprodutores. Os pesticidas são suscetíveis de bioacumulação nos tecidos adiposos de mamíferos, incluindo no ser humano, promovendo a acumulação de gorduras.



A maior parte dos pesticidas autorizados para uso agrícola foram homologados muito tempo antes de se levarem a cabo os estudos que vieram a comprovar relação desses produtos com o cancro e outras doenças. Nos Estados Unidos, segundo informações da Agência de Proteção Ambiental, 90% dos fungicidas, 60% dos herbicidas e 30% dos inseticidas homologados são cancerígenos. Um relatório da Academia Nacional das Ciências concluiu que os pesticidas podem conduzir a um aumento de 1,4 milhões de casos de cancro nos EUA. O simples tratamento de relvados com herbicidas aumenta 4 vezes o risco de leucemia em crianças até aos 10 anos.

Como alternativa a estes sistemas de produção tem vindo a ser desenvolvida, desde os anos 40 a Agricultura Biológica. Um sistema de produção que procura aliar tecnologias modernas com práticas de agricultura sustentável, não poluente, de base ecológica.  Em países desenvolvidos, trata-se de uma mudança fundamental para inverter o processo de poluição e contaminação generalizada

Produto Biológico

Entende-se por alimentos biológicos todos os produtos provenientes de culturas sem recurso a pesticidas ou fertilizantes químicos
  • Um produto “biológico”, por lei, não é, não contém e não pode ser produzido a partir de OGM’s (Organismos geneticamente modificados).



Os OGM’s têm-se mostrado agentes potenciadores de alergias/intolerâncias. Estas constituem um risco alimentar que tem vindo a aumentar significativamente e transtornam seriamente a qualidade vida, podendo causar a morte. As alergias/intolerâncias são causadas por proteínas e, frequentemente, por aquelas que estão implicadas na defesa das plantas contra pragas e doenças. Ora a resistência das plantas a pragas e doenças é uma das características mais frequentemente introduzida nas plantas geneticamente modificadas.

  • Em Agricultura Biológica não são autorizados os adubos químicos de síntese, por este motivo os produtos “biológicos” têm naturalmente um teor mais baixo de nitratos e promovem a qualidade ambiental.

Quando ingerimos alimentos com excesso de nitratos, estes convertem-se, no estômago, em nitritos e combinam-se com outras moléculas dando origem a nitrosaminas. Estes produtos são cancerígenos, mutagénicos (provocam mutações genéticas) e teratogénicos (provocam deformações nos fetos). O excesso de nitratos está fortemente associado ao uso de adubos azotados de síntese, em agricultura convencional. Estes adubos, por outro lado, por ação as regas ou chuvas, facilmente contaminam as águas subterrâneas e logo o alimento do nosso alimento.
  • 62% dos antibióticos utilizados no Reino Unido são usados em animais, como promotores de crescimento, como medida preventiva ou para tratamento de doenças.


O resultado é o rápido desenvolvimento de bactérias resistentes. Dado que muitos dos antibióticos utilizados em Medicina Humana são semelhantes aos usados para a produção animal e que as bactérias transmitem muito facilmente entre si os genes de resistência, o seu uso abusivo em produção animal vem restringir as possibilidades de tratamento em seres humanos. A Produção Animal Biológica é um sistema de produção não intensivo em que são tidas em conta as necessidades comportamentais e fisiológicas dos animais, promovendo o seu bem-estar integral. Neste sistema está totalmente proibida a utilização de hormonas ou antibióticos a título preventivo.
  • Estudos realizados em França verificam uma correlação evidente entre a percentagem de alimentos “biológicos” consumidos e o teor de resíduos no leite materno: quando a mãe consome mais de 80% de alimentos obtidos por este modo de produção, o teor de resíduos tóxicos no leite é três vezes inferior.

Reconhecendo que os produtos biológicos são francamente mais caros, quando comparados com os não biológicos, vale a pena refletir se preferimos pagar a fatura antecipadamente, evitando alguns dos transtornos e problemas de saúde graves, ou se mais tarde, em tratamentos para tentar recuperar a qualidade de vida e saúde!!



Nutricionista, Nº Cédula 3285N


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Referências:
  1. Manual de Agricultura Biológica,
  2. Guia da Agricultura Biológica, Jean-Paul Thorez
  3. “A Joaninha”, boletim informativo da AGROBIO
  4. Le Guide Alimentaire Anti-âge, La Fondation pour l’Avancement de la Recherche Anti-âge.

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