Avançar para o conteúdo principal

A FEBRE DOS ALIMENTOS BIOLÓGICOS. MAS AFINAL PORQUE SÃO MELHORES??

Nenhuma atividade humana, nem mesmo a medicina, tem tanta importância para a saúde como a agricultura referiu o Prof. Pierre Delbet (Academia de Medicina, França). 

Refletir sobre a qualidade do “combustível” que sustenta a nossa máquina é um esforço muito útil para cada ser humano a curto e longo prazo. 

A praticidade do consumo alimentar tornou-se essencial pelas circunstâncias do nosso quotidiano, todos sentimos isso, mas será que os produtos que adquirimos das prateleiras e embalagens, com brilho e tamanho perfeito, nutrem realmente as nossas células, tecidos e órgãos??


Porque surgiu a necessidade de distinguir a agricultura convencional/moderna da biológica? 

A agricultura moderna introduziu inúmeros avanços tecnológicos, desenvolveu-se a indústria dos pesticidas, principalmente para aumentar o crescimento e destruir pragas - garantindo o aumento dos rendimentos. Mas o preço deste acréscimo de produtividade foi elevado
  • contaminação do solo, das águas, da atmosfera e dos alimentos; 
  • desertificação do meio rural; 
  • perda de biodiversidade; 
  • efeitos na saúde humana e animal:  
    • associação a cancros, 
    • doenças autoimunes, 
    • distúrbios hormonais, etc. 

Em Portugal são aplicados anualmente cerca de 23.000 ton. de pesticidas, colocando o nosso País em quinto lugar, a nível mundial, em termos de consumo de pesticidas por unidade de superfície. 

Certos pesticidas, que mimetizam a ação de hormonas (e por isso conhecidos como “disruptores endócrinos”), têm uma ação mais forte a pequenas concentrações do que a concentrações elevadas. Têm sido associados a problemas de infertilidade e cancros nos órgãos reprodutores. Os pesticidas são suscetíveis de bioacumulação nos tecidos adiposos de mamíferos, incluindo no ser humano, promovendo a acumulação de gorduras.



A maior parte dos pesticidas autorizados para uso agrícola foram homologados muito tempo antes de se levarem a cabo os estudos que vieram a comprovar relação desses produtos com o cancro e outras doenças. Nos Estados Unidos, segundo informações da Agência de Proteção Ambiental, 90% dos fungicidas, 60% dos herbicidas e 30% dos inseticidas homologados são cancerígenos. Um relatório da Academia Nacional das Ciências concluiu que os pesticidas podem conduzir a um aumento de 1,4 milhões de casos de cancro nos EUA. O simples tratamento de relvados com herbicidas aumenta 4 vezes o risco de leucemia em crianças até aos 10 anos.

Como alternativa a estes sistemas de produção tem vindo a ser desenvolvida, desde os anos 40 a Agricultura Biológica. Um sistema de produção que procura aliar tecnologias modernas com práticas de agricultura sustentável, não poluente, de base ecológica.  Em países desenvolvidos, trata-se de uma mudança fundamental para inverter o processo de poluição e contaminação generalizada

Produto Biológico

Entende-se por alimentos biológicos todos os produtos provenientes de culturas sem recurso a pesticidas ou fertilizantes químicos
  • Um produto “biológico”, por lei, não é, não contém e não pode ser produzido a partir de OGM’s (Organismos geneticamente modificados).



Os OGM’s têm-se mostrado agentes potenciadores de alergias/intolerâncias. Estas constituem um risco alimentar que tem vindo a aumentar significativamente e transtornam seriamente a qualidade vida, podendo causar a morte. As alergias/intolerâncias são causadas por proteínas e, frequentemente, por aquelas que estão implicadas na defesa das plantas contra pragas e doenças. Ora a resistência das plantas a pragas e doenças é uma das características mais frequentemente introduzida nas plantas geneticamente modificadas.

  • Em Agricultura Biológica não são autorizados os adubos químicos de síntese, por este motivo os produtos “biológicos” têm naturalmente um teor mais baixo de nitratos e promovem a qualidade ambiental.

Quando ingerimos alimentos com excesso de nitratos, estes convertem-se, no estômago, em nitritos e combinam-se com outras moléculas dando origem a nitrosaminas. Estes produtos são cancerígenos, mutagénicos (provocam mutações genéticas) e teratogénicos (provocam deformações nos fetos). O excesso de nitratos está fortemente associado ao uso de adubos azotados de síntese, em agricultura convencional. Estes adubos, por outro lado, por ação as regas ou chuvas, facilmente contaminam as águas subterrâneas e logo o alimento do nosso alimento.
  • 62% dos antibióticos utilizados no Reino Unido são usados em animais, como promotores de crescimento, como medida preventiva ou para tratamento de doenças.


O resultado é o rápido desenvolvimento de bactérias resistentes. Dado que muitos dos antibióticos utilizados em Medicina Humana são semelhantes aos usados para a produção animal e que as bactérias transmitem muito facilmente entre si os genes de resistência, o seu uso abusivo em produção animal vem restringir as possibilidades de tratamento em seres humanos. A Produção Animal Biológica é um sistema de produção não intensivo em que são tidas em conta as necessidades comportamentais e fisiológicas dos animais, promovendo o seu bem-estar integral. Neste sistema está totalmente proibida a utilização de hormonas ou antibióticos a título preventivo.
  • Estudos realizados em França verificam uma correlação evidente entre a percentagem de alimentos “biológicos” consumidos e o teor de resíduos no leite materno: quando a mãe consome mais de 80% de alimentos obtidos por este modo de produção, o teor de resíduos tóxicos no leite é três vezes inferior.

Reconhecendo que os produtos biológicos são francamente mais caros, quando comparados com os não biológicos, vale a pena refletir se preferimos pagar a fatura antecipadamente, evitando alguns dos transtornos e problemas de saúde graves, ou se mais tarde, em tratamentos para tentar recuperar a qualidade de vida e saúde!!



Nutricionista, Nº Cédula 3285N


Obtenha orientação alimentar especializada e veja que opções pode fazer sem alterações significativas no seu orçamento mensal.




Referências:
  1. Manual de Agricultura Biológica,
  2. Guia da Agricultura Biológica, Jean-Paul Thorez
  3. “A Joaninha”, boletim informativo da AGROBIO
  4. Le Guide Alimentaire Anti-âge, La Fondation pour l’Avancement de la Recherche Anti-âge.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

COVID-19: «INSISTIR E NÃO DESISTIR NA PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA»

Perante a situação epidemiológica nacional e internacional, o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos (OM) para a Covid-19 emitiu esta terça-feira um documento com recomendações, salientando que «a pandemia SARS-CoV-2 não terminou e, na presente data, a nível global o número de casos confirmados ultrapassa os 9 milhões e o dos óbitos aproxima-se dos 500.000». Quanto ao nosso país, «a maioria da população permanece suscetível e todos estão em risco de contrair formas graves de doença e eventuais sequelas, cuja evolução da doença ainda não permite clarificar», sublinha a OM. Aliás, refere o organismo, « os números de casos de Covid-19 registados na última semana colocam Portugal com o segundo pior rácio de novas infeções por cada 100 mil habitantes entre os 10 países europeus com mais contágios , apenas atrás da Suécia». Desta forma, considera a OM que «o desconfinamento em curso, deve exigir a todos, inclusive à população supostamente de menor risco, a máxima responsabilidade e a estri...

PANDEMIA MOSTROU A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE SAÚDE DE ACESSO UNIVERSAL

O ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considera que os países aprenderam com a pandemia a importância de ter sistemas de saúde de acesso universal para responder a situações inesperadas, mas também às necessidades da população. «As lições que se tiram deste período ultrapassam em muito a dimensão nacional, são lições globais porque em grande medida, na maior parte dos países, fica claro o apelo que a Organização Mundial de Saúde tem vindo a fazer há muitos anos de se implementarem sistemas de cobertura geral e de acesso universal», disse o ex-governante em entrevista à agência Lusa. O médico e ex-administrador hospitalar afirmou que na Europa os países que têm respondido melhor à pandemia são os que «tinham uma reserva funcional positiva dos seus sistemas de saúde». «Quando falo de sistemas de saúde não falo apenas da componente de prestação de cuidados, porque nesta matéria é também muito importante a dimensão da saúde pública como componente do sistema que aborda ...

MENOPAUSA: REFLEXÃO

Há muitos medos e mitos em torno da terapia de substituição hormonal (HST). Neste artigo iremos compreender o processo, com base nas experiências de mulheres que utilizaram a terapia assim como em dados das pesquisas disponíveis e com a revisão da literatura. Muitos afirmam que as hormonas são prejudiciais porque são sintéticas. Mas hoje em dia, podem ser usadas apenas hormonas bio idênticas que são semelhantes às existentes no nosso organismo, não só em estrutura como em funções, sendo por isso: mais seguras, mais eficazes e mais fáceis de otimizar. As hormonas foram estudadas suficientemente bem, muito melhor do que qualquer outra substância do nosso corpo. O seu estudo começou nos anos 30 do século passado. Atualmente, a literatura científica conta com dezenas de milhares de publicações sobre este tema. É uma opinião muito comum que, se a natureza inventou a menopausa, que assim a devemos viver. Infelizmente, muitas vezes vemos relutância do médico em interferir no "proce...