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COMO O QUE COMEMOS INFLUENCIA O QUE PENSAMOS?

A alimentação é um dos fatores que mais influencia a saúde e a duração de vida de qualquer um de nós. E sim, afeta a forma como pensamos e como nos sentimos física e emocionalmente.

CICLO VICIOSO DOS AÇÚCARES

Quando comemos, especialmente alimentos ricos em açúcar, são ativados recetores gustativos da língua. Em seguida, os sinais são enviados para o cérebro e são ativadas as vias de recompensa. É formada uma onda de hormonas/neurotransmissores do prazer de bem-estar, como a dopamina e serotonina.

Serotonina é formada naturalmente no cérebro a partir de triptofano e com alguma ajuda de vitaminas do complexo B. À medida que mais triptofano entra no organismo, mais serotonina é sintetizada no cérebro e o humor tende a melhorar. É ativado o sistema de recompensa cerebral. A sobre ativação deste sistema de recompensa leva a uma série de eventos como:

Perda de controlo alimentar
Sentimentos pessimistas/depressivos
Irritabilidade, ansiedade
Falta de concentração
Falta de energia motora

Quando os valores de açúcar se elevam a sensação momentânea é de prazer, bem-estar. No entanto, poucas horas após o consumo desta “onda de glicose”, o número de neurotransmissores rapidamente entra em “queda livre”, provocando a sensação de falta intensa, sintomas semelhantes a uma toxicodependência. Os alimentos que ativam estes processos neurológicos, tornam-se viciantes, e fornecem um bem-estar apenas momentâneo.
Ou seja, pelo consumo frequente e os picos repentinos de açúcar existentes, surgem sintomas como irritabilidade, confusão mental, fadiga mental e física, ansiedade, depressão. Num curto espaço de tempo pensamentos positivos, racionais e a sensação de energia, transformam-se em “pesadelos reais”, pensamentos emocionais muitas vezes auto destrutivos.

O mais importante é fazer escolhas inteligentes e equilíbrio alimentar em sentido de quantidade e frequência.   

FALTA DE GORDURAS

Algumas carências nutricionais têm-se mostrado significativas no estado cognitivo e no pensamento. Nos últimos anos, os investigadores notaram que o ómega-3, com ácidos gordos poli-insaturados (encontrados em peixes gordos, linhaça, nozes, etc.) afetam as vias de neurotransmissores no cérebro, estando muito associados a depressão.


Vejamos o caso da depressão pós-parto, apesar desta situação patológica ter uma origem complexa, há cada vez mais evidências que apontam para a relação direta com esta condição e os futuros problemas de comportamento e aprendizagem dos bebés, com o consumo reduzido de ómega-3. Este tem um papel essencial no desenvolvimento fetal, cerebral e nervoso do bebé, a mãe automaticamente transfere toda esta gordura essencial para o bebé, e numa situação de falta de consumo, ela própria ficará seriamente carente.

ESTIMULANTES DO SISTEMA NERVOSO

Estimulantes, como a cafeína, podem exacerbar a depressão, o estado de fadiga cognitiva (e física), estados de ansiedade, etc...O que se costuma fazer para melhorar? Tomar outro café, continuando o ciclo vicioso. O estímulo cognitivo da cafeína é visível, mas atua exacerbando a produção de diferentes neurotransmissores. A sensação de concentração e energia estão presentes durantes algumas horas, mas brevemente darão lugar a sensação de falta, tal e qual o consumo de açúcares.


 Em muitas pessoas, a sensibilidade à dependência é notada por dores de cabeça quando não tomam café ou outros estimulantes como chá preto ou verde. A produção rápida e elevada dos neurotransmissores com ação estimulante obriga a um gasto desequilibrado de vitaminas e oligoelementos essenciais ao cérebro, como vitaminas do complexo B, vitamina E, D, magnésio, selénio, entre outros -nutrientes importantíssimos para o funcionamento normal do pensamento.


Veja o vídeo que partilhamos consigo e deleite-se enquanto aprende! A explicação clara sobre a afeção do funcionamento cerebral pelo açúcar!

Nutrição
ines.pereira@clinicadopoder.pt

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