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03 DE MAIO - DIA INTERNACIONAL DO SOL


Venerado como um Deus por vários povos, é para muitos símbolo de alegria, vitalidade e luz.

O Sol é a estrela que permitiu o aparecimento e a manutenção da vida no nosso planeta, tal como a conhecemos. Responsável pelo desenvolvimento das plantas e algas que estão na base de toda a cadeia alimentar, é fundamental para todos os seres vivos.

Atualmente, assistimos à existência de informação contraditória em relação à exposição solar. Neste artigo conheça benefícios e cuidados a ter com o Sol, trazendo o máximo proveito para a sua saúde.

Vitamina D
A radiação Ultravioleta B (UVB), que é emitida pelo Sol, penetra a pele exposta transformando o 7-dihidrocolesterol em pré-vitamina D3 que, por sua vez, é transformada em vitamina D3. 

Esta radiação não atravessa o vidro, pelo que a exposição solar em locais fechados não induz a produção de vitamina D

Fatores como a hora do dia, estação do ano, latitude geográfica, altitude, presença de nuvens, quantidade de melanina na pele ou utilização de protetor solar influenciam a sua produção, dificultando a determinação da dose ideal de exposição solar. 

Alguns autores recomendam, como dose ideal, uma exposição solar moderada e direta na face, membros superiores e inferiores durante 15-30 minutos, 2 vezes por semana, sem utilização de protetor solar. Dependendo das condições atmosféricas, o número de minutos poderá ser superior, sendo que deverá representar 25% do tempo de exposição necessário para o aparecimento de qualquer tipo de queimadura na pele. Indivíduos com exposição ao sol limitada deverão fazer uma dieta rica em alimentos que sejam fontes desta vitamina ou tomar suplementação

A Vitamina D é tradicionalmente conhecida pela sua função de metabolização do cálcio, fundamental para a manutenção da mineralização óssea. Atualmente sabe-se que tem uma influência positiva também ao nível da imunidade, da divisão celular, secreção de insulina e pressão arterial. 

Pessoas com altos níveis de vitamina D tendem a possuir baixa incidência de diabetes, doenças cardíacas e AVCs, além de tendencialmente uma tensão arterial mais baixa. Para além disto, também os raios UVA provocam a produção de óxido nítrico, capaz de baixar a tensão arterial.

A prevalência de esclerose múltipla é menor em países com maior exposição solar, aparentemente devido aos efeitos das radiações UVB, através do mecanismo de síntese de vitamina D. 

Riscos para a pele
A radiação UV presente na luz solar é um agente carcinogénico para o Ser Humano. Os seus efeitos deverão ser tidos em conta para a saúde pública. A curto prazo a radiação UV pode provocar queimaduras solares e modificação da cor da pele, acompanhadas com imunossupressão local e sistémica. 

O melanoma maligno, a forma mais mortal de melanoma, é causado por danos indiretos no DNA induzidos pela radiação UVA. Os raios UVC, porém, são os mais energéticos e perigosos para a pele, com ações mutagénicas e carcinogénicas consideráveis. No entanto, estes são absorvidos com facilidade pela camada do Ozono.

Apesar das inegáveis vantagens do sol na estimulação da síntese de Vitamina D, será prudente limitar a exposição da pele aos raios UV provenientes quer da luz solar, quer das lâmpadas UV, utilizadas em solários. Além do aumento da incidência de melanomas malignos, a exposição solar, a longo prazo, provoca desidratação da pele, aumento das rugas, danos no colagénio e elastina, aparecimento de manchas e sardas entre outras alterações estéticas da pele. 

Efeitos nos olhos
A exposição ótica prolongada à luz solar, especialmente luz UV intensa parece estar relacionada com o aparecimento de cataratas e degeneração macular. 

Nas crianças, a exposição durante o dia à luz solar parece evitar o desenvolvimento de Miopia

A incidência nos olhos, sobretudo da luz de cumprimento de onda azul, é importante para a criação e manutenção de um ritmo circadiano correto. Especialmente a exposição solar durante a manhã é responsável pela libertação de melatonina mais cedo durante a noite, facilitando o começo do sono. Para além disso a luz solar matutina tem sido demonstrada, nos Seres Humanos, como eficaz no combate da insónia, do síndrome pré-menstrual e distúrbios de humor.



Conclusão 
A exposição à radiação ultravioleta presente na luz solar possui efeitos positivos e negativos na saúde. 

Sendo a principal fonte de vitamina D3 para o organismo não deixa de ser também um agente mutagénico. 

A suplementação de vitamina D é eficaz e não acarreta riscos mutagénicos. 

Tem sido provado que a vitamina D possui vários efeitos positivos na saúde, dos quais se destacam: a mineralização óssea, o aumento da imunidade e até a inibição do crescimento de alguns cancros. 

A exposição aos raios UV tem também efeitos positivos no aumento dos níveis de endorfina e aparentemente um efeito protetor em relação à esclerose múltipla. Ao nível dos olhos a luz solar é associada ao metabolismo precoce durante a noite de melatonina e manutenção de um ritmo circadiano normal.

Por outro lado, a exposição em excesso e a longo-prazo à luz solar está associada ao desenvolvimento de alguns tipos de cancro e envelhecimento da pele e à imunossupressão. Nos olhos pode ser desencadeador de cataratas e degeneração macular.

Considerando os efeitos opostos da exposição solar, considera-se sensato um equilíbrio no tempo de exposição ao mesmo, permitindo os muitos benefícios para a saúde que esta fonte de luz e energia, gratuita, proporciona, evitando os malefícios que o excesso de exposição solar acarreta.


Jean Gonçalves
Fisioterapeuta
jean.goncalves@clinicadopoder.pt





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Referências:
  1. Holick MF (September 2002). "Sunlight and Vitamin D". Journal of General Internal Medicine. 17 (9): 733–735.
  2. International Agency for Research on Cancer Working Group on artificial ultraviolet (UV) light and skin cancer (March 2007). "The association of use of sunbeds with cutaneous malignant melanoma and other skin cancers: A systematic review". International Journal of Cancer. 120 (5): 1116–1122. 
  3. Koch MW, Metz LM, Agrawal SM, Yong VW (2013). "Environmental factors and their regulation of immunity in multiple sclerosis". J. Neurol. Sci. 324 (1–2): 10–16.
  4. Grant, WB; Wimalawansa, SJ; Holick, MF; Cannell, JJ; Pludowski, P; Lappe, JM; Pittaway, M; May, P (27 February 2015). "Emphasizing the health benefits of vitamin D for those with neurodevelopmental disorders and intellectual disabilities". Nutrients. 7 (3): 1538–64. 
  5. Mead MN (April 2008). "Benefits of sunlight: a bright spot for human health". Environmental Health Perspectives. 116 (4): A160–A167. 

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