As patologias obesidade e incontinência urinária são bastante comuns em cada vez mais faixas etárias. Isoladas ou em conjunto têm um impacto na qualidade de vida no âmbito físico, social, sexual, psíquico e emocional.
Obesidade
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu excesso de peso como a presença de um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 25 kg/m2 e obesidade como IMC superior a 30 kg/m2. Como complemento de avaliação, a medição de circunferência abdominal é um parâmetro de extrema utilidade. A obesidade abdominal é diagnosticada se a circunferência abdominal for superior a 90 cm nos homens, e superior a 80 cm nas mulheres.
Em 2015, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge obteve resultados que indicam que 38,9% da população adulta portuguesa (25-74 anos) tinha excesso de peso e 28,7% sofria de obesidade. A prevalência de excesso de peso era maior no sexo masculino (45,4%), enquanto que a prevalência de obesidade era maior no sexo feminino (32,1%) (1).
Já é conhecida a associação do excesso de peso e da obesidade com o risco de doença cardíaca, diabetes, doença renal, entre outras. No entanto, além destas patologias, tem sido mostrada a associação destas condições e o desenvolvimento de incontinência urinária.
A incontinência urinária (IU) é descrita como a incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina e caracterizada por perdas urinárias involuntárias.
Em todo mundo mais de 423 milhões (8.7%) de pessoas são afetadas. A europa é o continente com maior prevalência de IU. Em Portugal, atinge cerca de 33% das mulheres e 16% dos homens, com mais de 40 anos segundo dados da Associação Portuguesa de Urologia.
Estudos mostram que mais de 50% dos afetados não procura ajuda (2,3).
Dependendo da origem do problema, podem ser identificados 4 tipos de IU: Incontinência por esforço, urgência, funcional e mista.
Obesidade VS Incontinência Urinária
Estudos revelam que o excesso de peso e a obesidade, principalmente a acumulação de gordura abdominal, é o fator de risco que potencia mais a incontinência urinária de esforço, comparativamente com a IU de urgência (que pode ter várias causas, como o envelhecimento celular, doenças neurológicas, prostatite, cistite ou muitas vezes sem causas identificáveis) (4).
O estilo de vida e hábitos alimentares nocivos inflamam todo o organismo e contribuem fortemente para o excesso de peso e obesidade. Estas condições afetam diretamente a produção de hormonas sexuais. Algumas das hormonas desreguladas são hormonas estrogénicas e também a testosterona e os seus percursores. Esta desregulação, nomeadamente a falta de testosterona, torna difícil a manutenção de um bom tónus muscular do pavimento pélvico.
Esta fragilidade do pavimento pélvico facilita a acumulação de bactérias nocivas e alteração de pH do meio. Esta condição frequentemente ocasiona infeções do trato urinário, potencia prostatites, hiperplasia benigna prostática e incontinência urinária.
Estudos mostram que o aumento de 5 unidades no índice de massa corporal (IMC) está associado ao aumento de 30% a 60% maior probabilidade de sofrer IU diariamente (5).
Como Prevenir
Beba bem
- 8 copos de água/dia
- Reduza o consumo de bebidas alcoólicas, refrigerante e bebidas que contêm cafeína que irritam a bexiga (e ajudam a aumentar o peso!)
- Beba chás desintoxicantes (cavalinha, funcho, dente leão) - desinflamando o corpo mais facilmente elimina gordura em excesso
Coma saudável
- Coma alimentos ricos em fibra para ajudar o trato intestinal, evitando a obstipação e circunferência abdominal aumentada (arroz integral, trigo sarraceno, aveia, sementes linhaça, chia)
- Coma pelo menos 3 peças de fruta/dia (por ex. abacate, maçã, frutos vermelhos)
- Coma 5 porções de vegetais/dia (insista nos brócolos, talos de aipo, couve portuguesa)
- Hábitos saudáveis ajudam a manter o peso ponderal adequado

Pratique exercício físico
- Exercite-se pelo menos 20-30 min. por dia, sentirá menos stresse e ajuda para controlar o peso corporal
- Faça exercícios musculares para abdómen e assoalho pélvico (como exercícios de Kegel)
Aplique bons hábitos de higiene
- Não adie a vontade de evacuar/urinar
- Coloque os joelhos mais elevados do que o quadril aquando da evacuação e ao urinar
- Procure rapidamente ajuda médica se suspeitar da presença de infeção urinária (6)
Tratamento
Dê condições ao seu corpo para funcionar melhor. Procure ajuda de um profissional de saúde para:
- Adequar o seu peso ponderal, eliminar fontes de stresse e de inflamação do corpo
- Otimizar níveis hormonais
- Melhorar o tónus muscular
- Encontrar tratamento específico
A Clínica do Poder sugere métodos não invasivos e indolores que com: a utilização da Terapia laser de baixa intensidade, em alguns casos associada a exercícios específicos e orientação nutricional, resolve 90% dos casos de IU.
Estes métodos permitem tratar a IU num espaço de tempo consideravelmente curto e são aplicados de acordo com a situação individual.
Negar os sintomas, acomodar-se a eles, adiar o seu tratamento, é abdicar do seu poder e qualidade de vida!
Saiba mais aqui.
Dra Inês Silva Pereira,
Nutricionista, Nº Cédula 3285N
- http://www.insa.min-saude.pt/prevalencia-de-excesso-de-peso-e-de-obesidade-em-portugal-resultados-do-primeiro-inquerito-nacional-de-saude-com-exame-fisico/
- Irwin et al. BJU Int. (2011) GFI Forum 2018 Oct;108(7):1132-8
- https://www.clinicadopoder.pt/pt/especialidades/urologia/incontinencia-urinaria
- Richter, H. E., Kenton, K., Huang, L., Nygaard, I., Kraus, S., Whitcomb, E., Chai, T. C., Lemack, G., Sirls, L., Dandreo, K. J., … Stoddard, A. (2009). The impact of obesity on urinary incontinence symptoms, severity, urodynamic characteristics and quality of life. The Journal of urology, 183(2), 622-8.
- Subak, L. L., Richter, H. E., & Hunskaar, S. (2009). Obesity and urinary incontinence: epidemiology and clinical research update. The Journal of urology, 182(6 Suppl), S2-7.
- https://utswmed.org/conditions-treatments/urinary-incontinence/urinary-incontinence-prevention/
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