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DIA MUNDIAL DA VITAMINA D - 2 NOVEMBRO



Nos últimos anos, o papel fisiológico da vitamina D tem sido amplamente estudado. A sua função principal está relacionada com o metabolismo do cálcio, sendo esta uma das hormonas responsáveis pela manutenção dos níveis de cálcio sérico, através da promoção da absorção de cálcio e fósforo a partir do intestino e da reabsorção óssea de cálcio. 

Novas investigações apontam que o papel da vitamina D não se restringe apenas ao metabolismo do fósforo e do cálcio mas também se manifesta em várias outras patologias (diabetes, doenças cardiovasculares, esclerose múltipla, cancro, distúrbios psiquiátricos, doenças neuro-muscular, etc). 

Formas de obtenção 

A vitamina D pode ser obtida através de três tipos de fontes: exposição solar, da dieta e da suplementação. A exposição solar assume-se como a principal fonte de obtenção de vitamina D. A pele é capaz de produzir, após exposição às radiações ultravioletas do tipo B (UVB), vitamina D sob a forma de vitamina D3. Devido a este facto, a vitamina D é vulgarmente designada por vitamina do Sol. Há diversos factores que condicionam a síntese da vitamina D na pele (veja quais no tópico “Porquê a necessidade de otimizar?”).

Para uma produção endógena suficiente de vitamina D a exposição deverá ocorrer durante as horas de maior exposição aos UV (11h-16h; ainda que por períodos que não permitam queimaduras solares) e de forma direta, isto é, sem a utilização de protetor solar ou através de vidros ou filtros.

A partir da dieta também se pode obter vitamina D. No entanto, as quantidades obtidas não

conseguem suprimir as necessidades diárias do indivíduo. 

A maioria dos produtos naturais que possuem vitamina D constituem uma fonte pobre desta substância, contribuindo com menos de 10% para a Dose Diária Recomendada (DDR) de vitamina D. Como fontes naturais mais ricas em vitamina D3 destacam-se os óleos de fígado de peixe sendo o de bacalhau e de atum aqueles que possuem um maior conteúdo neste composto. Para além destes alimentos, podem ser também encontradas quantidades satisfatórias de vitamina D3 em partes comestíveis de peixes que apresentam valores elevados de gordura (sardinha, cavala, atum,…), fígado de mamíferos, ovos e produtos lácteos. No caso da vitamina D2, as maiores fontes desta forma de vitamina D são os cogumelos que podem apresentar um teor entre 30 a 100 μg de vitamina D2 por 100 g de produto.


Metabolismo da Vitamina D

O termo vitamina D abrange um grupo de substâncias. As mais conhecidas são colecalciferol (vitamina D3) e ergocalciferol (vitamina D2). 

A vitamina D3 é sintetizada na pele do homem e de animais a partir de 7 -dehidrocoesterol sob influência dos raios UVB.

As Vitaminas D2 e D3 são biologicamente inertes. Para a sua ativação e transformação na forma ativa de vitamina D, esta sofre 2 processos de transformação química (hidroxilação). Estes processos ocorrem no fígado e no rim. 


Diagnóstico e Prevenção

O método mais adequado para a avaliação do nível de vitamina D é a determinação no sangue do seu metabolito 25-hidroxivitamina D (25(OH)D], que reflete a quantidade total de vitamina D, sintetizada na pele a partir de 7-DHC com radiação UVB e obtida a partir de alimentos e suplementos alimentares.

A deficiência de vitamina D, segundo a opinião da Sociedade Internacional de Endocrinologia, é determinada quando o nível de 25(OH)D no sangue é inferior a 20 ng/ml (50 nmol/l), no entanto existem outros critérios (pode verificar no tópico “O que são níveis óptimos?”).

Atualmente existe um grande número de investigações que sugerem vários efeitos positivos da compensação da deficiência de vitamina D nos pacientes com obesidade e síndrome metabólica, diabetes de tipo I e II, doenças crónicas dos rins, doença de Alzheimer e outras formas de demência mental senil, nos pacientes com doenças hepáticas, com depressão, doença de Parkinson, esclerose múltipla, esquizofrenia, entre outros. Existem ainda estudos que indicam efeitos anticancerígenos da vitamina D. 

Para mais informações sobre a vitamina D consulte O Poder da Vitamina D.


Jean Gonçalves
Fisioterapeuta



Referências:

  1. Silva, J. M. E. (2007). Brief history of rickets and of the discovery of vitamin D. Acta Reumatológica Portuguesa, 32 (3)
  2. Lichtenstein, A. et al. (2013). Vitamina D: ações extraósseas e uso racional. Revista da Associação Médica Brasileira, 59 (5)
  3. Holick, M. F. et al. (2011). Evaluation, Treatment, and Prevention of Vitamin D
  4. Deficiency: an Endocrine Society Clinical Practice Guideline. The Journal of Clinical
  5. Endocrinology & Metabolism, 96 (7)
  6. Alves, M., et al. (2013). Vitamina D – importância da avaliação laboratorial. Revista Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, 8 (1)

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